quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Feliz 2010

A coisa tá fraca, né? Mas vamos ver se em 2010 consigo dar algum gás a este moribundo blog. Não faltam ideias, falta disposição e fôlego.

Por hora, feliz 2010 a todos.

Abração.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Terrestres - Coisas de JP

Mais uma de meu pequeno de cinco anos pelo seu inigualável pai pra lá de coruja:

No carro, no banco de trás, falando pra mãe dele, que estava dirigindo:

- Mamãe, você sabia que os portugueses estavam navegando, pegaram um desvio e daí descobriram Pindorama?

- ...

É o que eu digo, o sistema de ensino que se vire. Porque eles já estão a anos-luz de nosso caquético sisteminha...

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Ciência, consciência e religião - 1

Tava pensando sobre esse papo de criacionismo. E não engulo. Não porque eu não goste de religiões, mas porque grande parte de seus defensores é religioso no sentido mais carola – e perigoso – da palavra. Não falo de quem pratica sua religião e mantém seu senso crítico. Mas de pessoas tomadas por essa epifania do mal, que só veem sua tacanha mentalidade e egocentrismo pela frente. Gente que, por muito pouco, se lhes for dado um pingo de poder, queima livros, casas e igrejas com todos os malditos crentes que estiverem lá dentro. Vocês sabem do que estou falando. Me dá medo ver esses canais de tv, o poder que têm pastores e quetais fazendo suas artimanhas de conquista de corações e mentes. Medo, não dá? Saber que, com uma palavra aqueles senhores engravatados podem voltar toda uma turba contra você em nome de deus. Sai deu!

Mas voltando, a questão de se ensinar na escola tanto evolucionismo quanto criacionismo não tem nada de mais em princípio. São conceitos antagônicas, mas, enfim, em um universo mental sedento por explicações e conhecimento, são ideias, rumos ou, no máximo, distrações entre uma piscadela e outra de Brahma. Tá bom, tá bom,
só uma pequena provocação, vamos em frente.

O fato é que indo bastante para trás, e supondo que em algum momento houve um fiat lux ou um big bang, não importa, nenhum cientista pode provar que não há deus ou algo equivalente lá, escondido nas entranhas da não existência, ou no desuniverso do avesso. O bom é que nenhum religioso também pode afirmar que lá existiu um deus. Enfim, zero a zero. E isso é bom. Porque não estamos preparados para isso. Porque há intolerância. De parte a parte. De zero a zero.

Fato também: desde o cartesianismo, e depois de Newton bebendo nessa fonte e com sua infindável inteligência, o realismo científico tomou conta irremediavelmente do monopólio da decisão do que é ou não real. Sobre aquilo que existe no universo ou que é mera ilusão. Como se o que pensamos não fizesse parte da natureza. Como se o que se pensa não existisse em algum lugar. Como se deuses, mitos, histórias e sonhos não causassem ondulações no tecido da realidade. A ciência se tornou um sistema de poder. Sem chance de contestação.


Mas no outro extremo, as grandes religiões também chafurdaram miseravelmente no jogo de poder, utilizando vergonhosamente o poder das pessoas em abstrair e criar simbologias mitológicas para prendê-las em sua rede de escravidão. Pior, escravidão eterna. Nem mesmo a relatividade, que retorceu a visão newtoniana do mundo, foi capaz de superar tanto uma quanto outra tendência. Mesmo porque ficou incompleta, apesar de sua elegância ao organizar em um único sistema as ideias antecessoras de espaço-tempo e sua deformação de forma a explicar a gravidade. Criou uma constante interessante, a velocidade da luz, mas nela também nos prendeu a todos: nunca poderemos ir além dela, isolados perpetuamente num casulo luminoso.


Segue...

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Terrestres: no templo das boas energias e intenções

Foto Jorge Miyashiro
  • A foto mostra um astral. Sou novo no grupo, mas foi legal. É o pessoal da APRTB e agregados, alguns dos outros vários que fizeram o FETB deste ano, na raça. Vamos ver se vai em frente. Novas reuniões marcadas. Promessas. Mas precisamos atuar. Um puta frio. E chuva como há muito não se via. Água por quase um mês sem parar. Sem noção. Mas o encontro foi legal, pra avaliar o festival, traçar planos. E pelo menos o astral da foto está bem legal,, se a fotografia captura os espíritos, então foi um bom momento. Esperança, felicidade, paz, não sei se somos muito otimistas, mas nós, seres humanos, vivemos em função das positividades. Nem mais, nem menos. (Ah, claro, a coisa ficou mais feliz porque a féria foi distribuída no fim, pouco antes da foto, então deu pra prever o pagamento da conta do boteco ou dos remédios, o que talvez explique o bom astral de todos os presentes...).
  • Mas também me desviei do que queria falar. Estávamos aí, na foto, no Teatro do Piá, no Largo da Ordem. Lugares muuuito legais, o Largo, o teatro e o casarão antigo da Fundação onde ele fica. Sempre gostei de templos, em especial as igrejas católicas, embora tenha largado a religião há eras. Aquelas grandes, silenciosas, imensas igrejas, com aquele ar de outro lugar. Teatros pra mim são a mesma coisa. Nada religioso, mas são locais, entende? Locais. Points. Lugares. Pensados ou adaptados, não importa o tamanho. Têm seu clima, seu ar, sua atmosfera própria, separada do mundo exterior. Antes de uma apresentação, você - ainda mais se é um artista solo - fica ali, na penumbra, só, com seus pensamentos e twiters mentais (tô brincando, nem tenho isso ainda, sou um quase velhote da antiga ordem dos blogs), se concentrando, respirando, aguardando o grande momento.
  • Tudo isso, pra mim, sempre foi algo fora do comum, um estímulo, um orgasmo, uma comunhão. Desde quando iniciei minha carreira teatral há uns 24 anos, lembro-me bem da sensação, principalmente do Teatro Municipal de Santos, com sua coxia imensa, seu pé direito inalcançável para a vista, algumas luzinhas lá em cima, no escuro, o misto de nervosismo, emoção e expectativa crescendo, tudo pra se dissipar quando a coisa se inicia. Igual a quando eu fazia natação, e quando, nas competições, caía na água e tudo ia embora, só restava eu e os elementos. Enfim, pode-se até ser ateu, mas pode-se compartilhar a poesia da vida mesmo assim.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Terrestres: Mais do Festival Espetacular

  • Meio atrasado, posso dizer que valeu o festival. Apesar das desculpas esfarrapadas do Teatro Guaíra, culpando a crise internacional pela não realização (por parte DELES) do evento, a coisa aconteceu. De minha parte, apresentei no miniauditório numa noite fria de uma quinta-feira e tive umas 25 pessoas na platéia, muitas crianças, e isso é muito legal. Público bom, participante, e, o melhor, que se divertiu. É a prova de que tem gente que curte, que vai, que prestigia. Então acho que é hora da APRTB pegar o boi pelo chifre e ela mesma sair em busca de patrocínio. E também se envolver mais em outras ações, apoiando movimentos sociais e quetais. É difícil? Sim. É trabalhoso? Sim. Mas ninguém disse que seria fácil. Parabéns à APRTB e a todos que fizeram esse festival. Braço!

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Entrevista para Jorge Miasyhiro

Jorge Miyashiro, da Miyashiro Teatro de Bonecos, começou uma série chamada "Entrevistas Interessantes", falando de teatro e cultura em geral. Fico lisonjeado de ser o primeiro. Tá lá no blog dele, no Youtube e também aqui e em breve colocarei também no Titere Puppet TV. Valeu, camarada.


sexta-feira, 10 de julho de 2009

Festival Espetacular de Teatro de Bonecos – Edição Especial


Bem, começa neste sábado, dia 11/7, a edição deste ano do festival. Quase morreu, mas os bonequeiros se uniram e agora vão fazer um senhor evento, com mais de 30 espetáculos. Vai ter pra todo mundo, até o dia 19, de manhã, à tarde e à noite. Como a programação é muito extensa, quem quiser ver pode ir no blog do festival clicando aqui.

Quase foi pra fita o coitado. O Guaíra, na mão de quem não tem amor por cultura, não fez a parte dele. Se a entidade não serve pra fomentar cultura, serve pra mais o que? Você conhece um negócio ou órgão pela sua comunicação. A coisa tá tão indigente que no site do Guaíra, apesar de não terem feito a captação nem a produção do festival, tem ainda a página de inscrição do ano passado! Cara, se no meu trampo eu fosse um quinto incompetente do que esse povo é nos cargos deles, já tava na rua há muito tempo.

Enfim, o que importa é que a APRTB, Associação Paranaense de Teatro de Bonecos, acordou. E uniu todo mundo. E parece que ano que vem não vai deixar na mão do Guaíra pra fazer o que deveria fazer, mas que não faz. Assim esperamos.

Por falar em festival, “Zac e a Máquina do Tempo”, da Cia de Artifícios Teatrais (foto lá em cima, da Vanda), vai ser apresentado no dia 16/7, às 20h, no Miniauditório. Minha modesta contribuição para a classe, além de ter ajudado na divulgação. Preço: R$ 5 pilas a inteira, preço popular mesmo. Fica na Aminthas de Barros, s/n° (lateral do Guaíra), Centro. Fone: 3304-7900. That’s all, folks.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Mais saudações corintianas!!!


  • Ié ié. Ié ié. Ié ié! Valeu, Campeonato Paulista e agora Copa do Brasil. Primeiro tempo contra o Inter foi show. O segundo, uma pelada, os colorados tavam meio vermelhos de raiva. Mas tudo bem. Beleza, beleza, Corinthians, valeu mais esta.Iurrú. É nóis na fita!

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Terrestres - Como ganhar com a crise

  • Está sem grana pra manter seus gastos? O caixa 2 da empresa foi prejudicado por causa da falta de liquidez no mercado? Teu ford fusion está precisando de uma garibada geral, mas no deus nos acuda perdeu uma fábula no mercado financeiro? A tal crise bateu pesado e não poderá ir à Europa visitar a amante enquanto a família vai pra Orlando? Para com isso. Crise não é crise. Crise é oportunidade. Se um bando de idiotas consegue andar descalço em brasas por que você não consegue ser criativo para driblar as dificuldades? Inovação é a palavra. Vá em frente, pense – ou mande outros pensarem por você -, trabalhe – melhor ainda, mande outros trabalharem por você –, tenha confiança.

  • Isso tudo é discurso. A crise não é tão feia pra quem é proletário porque proletário só se fode o tempo todo, então tanto faz como tanto fez, um pouco de melhoria pro povão às vezes já é 100% de melhoria (se você tem 0,01 no bolso e ganhar 100% em cima, fica com 1,00!) E o povo do andar de cima fica mordido por perder um pouco e acha que a marginalia não tem direito de ter seu fundinho de poço um pouco mais cheio.
  • E daí vêm as brilhantes mentes em prol da produção, da confiança, as grandes sacadas. Mas aí já é demais. Passeando pela blogosfera, me deparei com o http://imprensaindependente.blogspot.com, onde um post me chamou a atenção nessa impagável publicidade lá em cima feita casada com o desastre do avião francês. Isso que é achar oportunidades incríveis de mercado. A imagem eu pesquei desse mesmo site, capicce?

terça-feira, 23 de junho de 2009

Conunicação de golfinho

Já tive capacidade de comunicação de golfinho. Enquanto assistia a um filme na TV, conversava com minha mulher e lia um livro. E conseguia assimilar as três informações sem perda significativa de coerência em nenhuma delas. Dizem que os golfinhos conseguem assobiar e ecoar ao mesmo tempo e ecoar diversos objetos simultaneamente, mesmo em ambiente com ruído de fundo. O equivalente humano a assobiar e chupar cana.

Hoje infelizmente não tenho mais essa capacidade cetácea. Depois de mulher-casa-cachorro-filho-obra, a coisa foi ficando complicada. Fora que os 35 já vão ficando distantes, e os 40 chegando, e, tenho que admitir, THC e etanol são bons pra algumas coisas, mas são péssimos lubrificantes de neurônios. Cada vez mais as palavras me escapam, e sinônimos vão se tornando cada vez mais difíceis de garimpar nos arquivos do sistema.

O pior de tudo é a tendência ao rabugentismo, ao isolamento, ao tédio, esses são de lascar. Antes, pelo menos, eu era mais destemido, andava por cavernas, pulava de pontes, descia corredeiras, fazia rapel em cachoeira e até já saltei de paraquedas, além de uma série de outras bobagens arriscadas e sem sentido. Hoje, com a desculpa de ter um filho, o medo que garante a autopreservação de minha linhagem genética me deixa totalmente apático, o mais arriscado que tenho feito é atravessar a rua e olhe lá.

Enfim, faz parte de nossa jornada a mudança constante, só que nem sempre pra melhor. E quem conseguirá conter a mutação eterna, o movimento que faz o tempo? O melhor talvez seja ficar quieto, respirar, aceitar. Ah, mas continuo a ter muita saudade de minha comunicação de golfinho!

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Ainda o diploma de jornalismo

Tá maior blá blá blá por causa desse diploma. Enfim, há quem seja a favor e quem seja contra, e há muita bobagem de parte a parte. Sempre proletariando, desconfio muuuito da sanha das corporações em querer desregulamentar a profissão e poder empregar qualquer um a um salário de fome. Não querendo dizer que o salário é bom atualmente, pois, como todos sabem, jornalista tem um caminhão de trabalho por remuneração que não condiz em nada com todo o esforço, estresse, taquicardia e humilhação que impera no meio. Mas cada um sabe onde se aperta e se vira como quer e pode.


Em que pese o valor ou a justeza da decisão, é incrível como o povo de redação continua subserviente como capacho aos seus chefes. Falam aos quatro ventos sobre liberdade e quetais. Mas até agora não vi um, UM sequer fdp nos grandes veículos defendendo o diploma. Mas já vi vários enaltecendo a derrubada, fazendo ecos aos editoriais festivos dos patrões, e descendo a lenha em quem o defende. Isso é pluralismo? Isso é equilíbrio de opiniões? Isso é jornalismo? O que me irrita, de novo, não é a subserviência, todos nós somos sujeitos a ela em algum momento e lugar em nossas vidas, seja por necessidade, falta de vergonha ou pura vocação, mas essa hipocrisia, sai fora, meu.


Indo à parte prática, os colegas jornalistas que trabalham em redação poderiam pelo menos considerar seus pares como também seres humanos e fazer matérias de serviço explicando como fica a situação deles em diversos aspectos profissionais e de reconhecimento. É claro que isso não será feito. Se fosse com relação a advogados, médicos, engenheiros e cozinheiros, é claro que haveria todo um serviço do tipo, entenda o que acontece agora com você. Mas como são jornalistas... Pra facilitar, já mando as perguntas, estão liberadas, podem usar, é só copiar e colar, só que vai ter que ir atrás das respostas.


1 – Como fica a regulamentação? Valem os pisos, o registro e tudo o mais? Quem não tem diploma nem registro, o que precisará pra se registrar? Só chegar na DRT e pedir um registro de jornalista, um de pizzaiolo e um daquele que tá atrás das pilhas de molho de tomate, de que é? De cozinheiro? Então, me dá um desse. Ah! E me vê um de ministro do supremo também! Ah, não pode? Esse é só pra pessoas especiais? Então tá, desculpa aí.


2 – Se tenho um diploma, continuo a ter terceiro grau ou fui rebaixado? Se precisar entrar em algum processo seletivo que exija terceiro grau, posso ou não participar? Se não puder, aí ferrou tudo e realmente podemos jogar esse papelzinho no lixo.


3 – As publicações que precisam de assinatura de um jornalista responsável continuam a ter essa necessidade ou podem passar a ter somente um irresponsável?


4 – E, para alguns (não o meu caso no momento, mas nunca se sabe, né?), o diploma, que até então se referia a um curso superior, continua dando direito a cela especial em caso de prisão ou vamos pra galeria com os mano do PCC?


Só pra comentar algumas pérolas de comentários que rolaram por aí, independente de haver uma faculdade ou não, é de rir achar que grandes chefs, por exemplo, se fazem sozinhos, só na prática do dia a dia. Esses caras, com exceções que só confirmam a regra, fizeram e fazem muuuitos cursos e especializações.


Por outro lado, também é de rir achar que médicos aprendem a operar ou atuar na faculdade. Eles têm que matar muuuita gente no mercado até conseguir um bom desempenho.


Fico aliviado em saber que a liberdade de expressão foi restaurada com a desnecessidade de diploma. Dizem que até o Leonardo Boff foi convidado pra ser articulista na Veja no lugar do Marinardes, e que o Stédile vai ocupar o lugar do Reinaldo Azedo. Não é mesmo um milagre?


Só pra constar, estou sendo sarcástico e pra isso não precisa de diploma. E sorria, bastam alguns músculos.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Diploma pra cachorro levantar a perninha

Eu sempre quis ser ator. Trabalhei duro na adolescência, dias e dias de ensaio, diferentes grupos, deixando de sair com a galera pra meras horas de parca glória na ribalta que depois se desdobravam em mais dias e dias de desgastante empenho físico e mental. Foram anos, e meu destino era seguir a carreira. Não era lá essas coisas na função, mas dava pro gasto. Mus pais diligentemente me desviaram, me desencorajando e me deixando totalmente sem rumo, me convencendo a fazer alguma faculdade “de verdade”.

Em vez de seguir o caminho normal, de advogado, dentista, médico ou engenheiro, ou mesmo analista de sistemas, que aflorava numa época ainda sem interfaces gráficas nos PCs, resolvi fazer jornalismo. Fiz malemale em Bauru, e me lembro mais das festas e bebedeiras, ou melhor, compreensivelmente não lembo de quase nada, é claro. Enfim, fiz, mas nunca curti de verdade a profissão, embora tenha desempenhado razoavelmente, tenha me divertido e até me orgulhado de vez em quando. E tenho me sustentado com essa capacidade há anos, inclusive sustentando minha família.

Ms por que toda essa patacoada aí acima? Porque desde ontem, dia 17/6, não tenho mais diploma. Ou tenho, mas não vale nada. Aqueles senhores de toga do Supremo, aqueles mesmos do bando de capangas do Mato Grosso, velhos carcomidos, com cara de uva passa, falando sobre a necessidade da liberdade de expressão, da liberdade total de qualquer um poder exercer a profissão, resolveram, entre um uísque e outro, acabar com a exigência do diploma, se achando os heróis da democracia.

OK, nem me abalo muito. Realmente deixei de ser jornalista faz tempo. Uso minha capacidade de escriba e editor para ganhar meus caramiguás na área corporativa. Mas o foda é ouvir esses senhores falarem com essa cara lavada de liberdade de expressão. A tese só valeria se, com a nova decisão, qualquer um pudesse entrar pela porta da Folha, da Veja ou do Estadão, por exemplo, e tivesse total espaço pra falar o que bem entendesse, tipo defender os movimentos sociais sem criminalizá-los, apoiar controle nacional sobre riquezas públicas como petróleo e energia, ou mesmo que as drogas pudessem ao menos ter um debate civilizado sobre descriminalização. Rá! Alguém acha que isso poderá acontecer? Claaaro que não, então a tese cai de primeira.

A questão é um prato cheio pros patrões, que é o que ninguém se liga ou não liga pra ligar: sem ser agora uma categoria, como fica a questão sindical? O piso salarial arduamente alcançado? Os poucos direitos que jornalistas têm por culpa própria porque ninguém entra em piquete porque, afinal, quem é que vai cobrir a greve dos jornalistas? Agora é só pegar qualquer gajo de 16 anos e colocar pra trabalhar, afinal, o que importa atualmente é saber escrever razoavelmente e saber aceitar ordens sem questionar. Já é assim, vai ficar pior.

Na verdade, a questão não é a discussão de se precisamos ou não do diploma, mas mais uma vez as desculpas esfarrapadas de inconfessáveis interesses que nunca se apresentam escancaradamente. A raiva é dos cretinos como nosso dileto chefe supremo do supremo que se alinham com tudo o que é preconcebido e neoliberalizante. Mas afinal, com blogs e tuíters e iutubes e tudo o mais, pensando bem, quem vai querer ler essas merdas de jornais e assistir a esse lixo de TV? Fui. E tarde.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Saudações corintianas

  • Não poderia deixar de registrar. Felicidade por ver meu velho coringa subir ao mais alto e quente pódio! Invicto, coisa fina, coisa fina, principalmente os quatro últimos jogos. Valeu, mano(s)! Continuem assim. Fui!

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Terrestres: Gripe? Que gripe?

  • Meu amigo Caio está morando no México. Escrevi para saber da tal gripe suína, que de suína parece que só tem o nome. E ele me veio com esta pérola que pode derrubar os mais ternos correspondentes de endemias de plantão. Por fim, ele também parece estar como vírus sem rumo, podendo ser despachado para outras paragens bem menos amenas. Bem, boa sorte amigo, se for o caso, prefira o Zimbábue, acho que é menos "quente".

Fala ! Aaaaaatchim! Perdão!

Vc ficaria doido em ver como se manipula a informação. Uma pérola jornalística.

A Globo mostra as ruas desertas. Acho que vão às 5 da manhã para mostrar tudo deserto. Hj pra vir ao trabalho peguei o maior trânsito...

Não conheco ninguem que tem, teve ou conhece alguem com a tal da gripe. Mínimo estranho, não?

Como todo país latino, ninguém gosta de trabalhar e se aproveitam da situação. Se fosse no Brasil já tava todo mundo na praia e nos bares. Só faltaria o trio elétrico.

O que é um peido pra quem tá cagado? Esses dias teve um terremoto de 5,6 graus...aí sim me borrei todo! Agora só faltam os vulcões entrarem em erupção e recomeçamos tudo a partir dos astecas.

Eu que achava que tinha me dado bem. Me parece que vou ser transferido pro Haiti ou Zimbábue...depois ainda vêm com aquela historinha de Dubai...FDPs.

Acho que vou pra Londres* passar um fim de semana

abs Caio

  • * A historinha de Londres é uma piadinha de caserna, não é literal e não é pra entender, mesmo, só pros iniciados...

terça-feira, 21 de abril de 2009

This guy is the man, cara!

  • Putz, Lula é o cara. Agora também no South Park. O cara já foi imortalizado, coitadinhos dos despeitados new liberex.




  • Por falar no corintiano mais famoso at the planet, coisa fina a vitória do Corinthians em cima do SPFC. Coisa fina, fina. Uma alegria de verdade.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Tagarelice com birita

Havia algo de bastante arrogante naquele sujeito. Na mesa ao lado, tagarelava com uma amiga, ou mais parecia uma futura caça que dali a pouco estaria numa cama com ele, isso se ele parasse de matraquear um pouco. Falava mais que ela, o que já era sinal de algum tipo de egocentria exacerbada.

Devia ser paulistano ou paulista, dizia alto que as pessoas em volta eram provincianas, que quando o “Paulão” havia falado exatamente aquilo, ele havia concordado plenamente: “A-qui-é-lu-gar-de-pes-so-as-pro-vin-ci-a-nas”. Não sei se falava alto e com tanta ênfase para ser ouvido. O fato é que eu estava bem de lado para ele, na mesa imediatamente à sua frente, e cada sílaba dele se intrometia pelo meu canal auditivo adentro. Impossível deixar de ouvir. Sua companheira deve tentado protestar, rebaixando o tal do “Paulão”, mas o cara, com voz grave, continuava sua metralhadora verbal. Eu havia perdido um ou dois detalhes do breve entrevero, estava ocupado demais pedindo uma caipirinha ao garçom, mas captei a essência do diálogo. “Agora você me deixou puto. Vem questionar a masculinidade de meu amigo. Isso é o tipo de coisa que, pra mim, não tem nenhum cabimento, mostra que vocë na verdade está na defensiva e não tem como se defender do que eu estou dizendo…”, e por aí foi.

A menina, bonita e suficientemente gostosa, parecia muda, mas ela falava. Na verdade, pouco podia se ouvir de sua voz, não sei se por minha posição, pela insignificância mental dela ou pelo fato de o cara monopolizar totalmente a situação. Enfim, sobre São Paulo, ele dizia que “lá, sim, as coisas são diferentes” e coisas do tipo. Patacoadas e tal.

Barbinha vindo das têmporas e cavanhaque impecavelmente feitos, fininhos tipo tocador de pagode emo, camisa branca, gravata listrada azul marinho e branca, blazer azul marinho na guarda da cadeira, o visual indicava algum tipo de “representante comercial”, um eufemismo para vendedor. O cara não sossegava. Na TV em frente, tentei, sem sucesso, prestar atenção a um clipe de início de carreira da Tina Turner em um programa de auditório em transmissão pra lá de PB, seguida por outra do Deep Purple em fim de carreira tocando pela bilionésima vez Smoke on the Water e um do Oasis com Definitely Maybe, mas não consegui nada.

Tentando abafar, e não precisava tanto porque a garota ja tava fisgada, era só arrastar pra qualquer canto e baixar as calcinhas, ele resolveu desfilar seus conhecimentos culturais. Discorreu sobre cenas de dois ou três filmes que a menina, obviamente, nunca tinha ouvido ou visto na vida. E lascou: “Um filme que eu acho demais, e o ator acho que é macho paca, é aquele que o cara tem um táxi e é psicopata, o ator é o Al Pacino˜. Ai comecei a ficar incomodado. Depois de algumas outras cenas de filmes porcamente descritas, ele veio, não sei por que catzo, falar sobre atores brasileiros. A boiolice foi total. Quando ele disse: “Agora, um cara que eu acho que tem presença pra caralho é o Vitor Fasano”, daí eu resolvi que a caipirinha com Brahma Extra tinha feito estrago demais. Pedi a conta e saí. Também, ninguém manda ficar ouvindo conversa dos outros, ainda mais esse tipo de outros.

sexta-feira, 27 de março de 2009

O horror, piás, o horror! (final)

Fomos descendo cautelosamente os cinco degraus do pequeno lance de escadas. Virei para Sarita.
- Bom, e aí, o que fazemos agora?
Realmente não esperava aquela resposta:
- Sei lá. Por que você tá perguntando pra mim? Eu não tenho nem ideia.
- Como assim? Eu pensei que você soubesse o que fazer. Você não tá acostumada a fazer isso?
- Eu não. O Beto insistiu tanto, disse que não tinha quem fizesse, que tava todo mundo ocupado, que eu acabei aceitando.
- Cê quer dizer que nunca fez isso antes?
- Sim. Quer dizer, não.
Não era preciso entrar em pânico. Dois marmanjos deviam dar conta daquela turma de pequenos átilas, pensei eu.
- Bom, o Beto me falou de umas brincadeiras que a gente pode tentar fazer – ela disse.
- Então vamos.

Sem chance, quando nos notaram, as crianças vieram como uma onda. Nos cercaram, agarraram, gritaram. Só de zueira mesmo. Faixa média enre quatro e nove anos, os piores quando querem ser os piores. A gente berrava os diálogos inexistentes sem ninguém ouvir nada. Ainda bem, teria sido uma perda de precioso tempo ocioso termos feito algum tipo de ensaio antes. Tentávamos fazer esquetes, piadas, caretas, e nada, a balbúrdia era total e absoluta. Pelo menos estávamos cada minuto mais próximos da libertação daquela situação ridícula.

Mas tinha uma meia dúzia de agitadores-mirins ali que começaram a ficar entediados. E dá-lhe chute na canela, tapão na bunda, pisão no pé. Me virava pra dar bronca em um, outro vinha pela retaguarda. E, líderes natos que eram e alguns devem até estar já no congresso uma hora dessas, no fim toda a turma achou o verdadeiro significado da animação da festinha.

Sarita ia bem, os pequenos eram mais camaradas com ela, vejam só, cavalheirismo no meio da barbárie. Mas comigo, não, a coisa tava pesando. Um guri jogou dois espetinhos de frango dentro do meu calção largão. Já tava perdendo as estribeiras, esqueci toda a compostura que os bravos defensores dessa categoria profissional têm que ter e já tava berrando com as crianças. Um deles, um marrentinho que parecia ser o machinho alfa da matilha, me dava chutões nas canelas. Catei ele pelo braço e dei uma bronca. Ele saiu reclamando de boca torta. Fiquei todo orgulhoso, tinha conseguido desmoralizar o chefe do bando. Mas ele não tava vencido, muito pelo contrário.

O que deu pra perceber é que eles buscavam um troféu. Gritavam pela minha peruca, e eu dava banana pra eles. Era selvageria total. Dizem os iniciados que em determinadas situações de grande pressão, em que as trevas se avolumam, em que a noite escura da alma ameaça tolher toda e qualquer esperança para obscuros vãos abissais, o instinto aflora incólume sobre todas as forças, e o dito verniz civilizatório se esvai como que lavado por removedor da melhor qualidade, só restando o ser e a verdade frente a frente. Bom, cada um tem a verdade que merece. Naquele momento, o que restava era um grupo tentando devorar um grande paquiderme que, se vangloriando de seu tamanho e privilegiado cérebro, achava que poderia vencer a parada.

Alguns moleques descobriram a mina de ouro. Um deles se pendurou em minhas calçonas e puxou até meus pés. Pateta total, eu tinha ido sem um calção por baixo, estava só de cueca. Quando a turma ficou sabendo disso, foi um gol pra galera, a cada segundo um deles se pendurava na calça e soltava, os suspensórios de eslástico quase não aguentando a parada. Aquilo era demais, eu estava perdido, descontrole total.

Joguei a toalha. Resolvi sair daquele antro, mas estava tão acuado que era difícil até me movimentar. Mas aquele não era a zerada da noite ainda. Com neurônios novinhos em folha, aquela ganguezinha tinha realmente um modus operandi. E caí no truque mais velho do mundo. Um deles ficou de quatro atrás de mim, e uns cinco vieram com tudo me empurrando. Lá fui eu na única e memorável cena verdadeiramente palhacesca da noite: capotei com pernas pro ar na cama de gato armada pelos fedelhos, de pés pra cima, costas no chão, quase dando uma cambalhota ao contrário. E, plano cuidadosamente armado, o objetivo final alcançado, o pirralho liderzinho, ágil que nem o capeta, veio e arrancou minha inglória peruca de palhaço.

Ainda zonzo, desmascarado, ou despalhaçado, sem moral nenhuma, sem um pingo ou vapor de dignidade, sem o escudo – frágil, mas ainda um escudo – de proteção do personagem, saí atrás daquela massa de moleques, que nessa hora já haviam estraçalhado a peruca. Peguei um resto dela da mão de um, tentei colocar na cabeça e fui ter com a Sarita. Ao me ver, ela rachou de rir. Mas se compadeceu. Suspensórios largos, a cueca aparecendo, a maquiagem toda borrada, parecendo mais o coringa, um resto da peruca estraçalhada presa na cabeça, era a imagem feita de um pobre diabo. Ela me pegou pelo braço e me levou dali daquele quintal. Entramos, subimos as escadas e fiquei um tempo ainda sentado na privada, refletindo sobre tudo aquilo. Me limpei como pude, retirei os trapos, e descemos.

Pegamos os caraminguás com a dona da festa, que não fazia nem ideia e nem queria saber do que tinha acontecido lá nos fundos da casa. Querem um refrigerante? Um salgadinho? Não, dona, por favor, só a porta da rua. Saímos. Ar fresco da noite. Prometi nunca mais fazer aquilo. Era nisso que eu tava pensando agora, como foi tudo aquilo. E de repente me caiu a ficha de novo. Que diabos eu tô fazendo aqui com um colante azul, com a rosto e as mãos pintadas de azul, um chapéu esquisito e a cara do Papai Smurf?

  • Este texto foi inspirado por um post hilário do Jorge aqui. Vale a pena conferir.

quarta-feira, 25 de março de 2009

O horror, piás, o horror! (1)

Estava no ralo de meus ensaios noturnos para as apresentações escolares do grupo de teatro 1, que tinha uma peça infantil. Dali iria para uma aula de balé contemporâneo que me daria mais e mais flexibilidade, que por sua vez me daria mais expressão e compreensão corporal para as performances do grupo 2 em eventos que faríamos na semana posterior. Não podia nem pensar em arrumar mais nada porque no dia seguinte teria que me apresentar ao grupo 3, onde fazia papel de escalão quase principal caindo para o ostracismo em um espetáculo adulto que iria no outro fim de semana embarcar em viagem extrema e ignorada para os rincões do interiorzão para mais um dos infindáveis festivais cheios de amadores e poucas – ou nenhuma, na maioria das vezes – amantes verdadeiras.

Mas não ouvindo o clamor das juntas e dos neurônios ressabiados, deixei-me levar pelo papo mole do Beto Chapéu, que de longe era ouvido a tagarelar e argumentar sem sucesso com uma dúzia de companheiros. De primeira, achei por bem recusar o convite feito à queima-roupa, mas minha aparente decisão se pôs por terra ao ouvir o doce rasgar do ar saindo de seus pulmões a vibrar as cordas certas nos timbres e compasso exatos para proferirem o seguinte ruído, prontamente decodificado pelo meu aparato cerebral:

- Vai, meu, faz isso pra mim, cara. Rola uma grana.

Acontece que ele tinha um grupo, ou corja, ou malta, da mais barata, rasteira e infeliz das artes interpretativas: animação de festinhas. Infantis, bem entendido, tanto pior, pois sinônimo de realmente nenhuma diversão. E como empresário ainda não versado na arte dos cursinhos de empreendedorismo públicos, ia, como todos vamos, tocando como dava o barquinho de sua iniciativa privada. Marcava festinhas a torto e a direito, e, por vezes, ficava sem um cristão para dar conta do recado. Mesmo porque a maior parte dos que já haviam se arriscado já estavam espertamente incomunicáveis por fone, fax ou até mesmo através da vibração dos próprios tímpanos. E, bem da verdade, eram necessários pelo menos dois cidadãos de bem para garantir uma animação a contento. Desafio duplo para ele, que em momento algum desanimava. Isso tinha que ser dito. Nunca vi o gajo um dia sequer pelos cantos, estava sempre a falar, retrucar, a rir e se espalhar pelos ambientes.

Beto então saía à caça de incautos para preencher sua sanha de ganhar algum hoje a fim de se bancar mais um dia amanhã. Nada mais nobre. E naquela noite, caí no laço. Muito mal armado, diga-se, mas o peixe que sonha estar no mar aberto mal sabe que está num barril à espera de uma arpoada fácil, fácil. Aceitei a empreitada.

- Legal, legal. Vai ser no sábado, às cinco da tarde. Você vai com a Sarita. Beleza? Amanhã trago o figurino.

Figurino! Ele tinha coragem de chamar aqueles panos mal ajambrados de figurino. Velhos, desbotados, uma penúria de dar dó. E vieram junto com o kit de maquiagem, tintas ressecadas em potinhos encaradidos que mais pareciam aqueles guaches que a gente esquecia num canto na infância, que viravam pedrinhas inúteis e iam impreterivelmente pro lixo. Depois de muito analisar a roupa, descobri que se tratava de uma fantasia de palhaço. Ajudou uma peruca feita de meia bege com fios de lã colorida penduradas em volta, pra modo de dar a ideia da careca que os palhaços costumam ter. Mas quase que não adivinho, foi mais sorte. De principiante.

Já tinha feito vários espetáculos. Até streap-tease com uma linda calcinha vermelha já tinha encarado em nome da arte dionisíaca. Mas confesso que naquele dia, o grande dia, me sentia diferente. O coração disparava. Uma emoção nova. Quem dera fosse um ataque cardíaco. Não era. Azar. Sarita era uma colega das aulas, conhecia pouco, falávamos menos ainda. Mas menos mal, era alguém minimamente conhecido. Ela me ligou e marcamos na casa de uma outra colega, onde ela teria que pegar sua roupa. Dali, iríamos de busão para o aniversário do peti. Chego lá e fico a esperar na porta. Meia hora, uma hora e nada. Ela chega então esbaforida de táxi.

- Entra, a roupa não tava aqui, tive que ir em outro lugar buscar e a gente já tá atrasado. Vamos.

E fomos, loucamente, para não traumatizar a criança que aguardava ansiosa sua surpresa, que esfalfava os pais que, além dos comes e bebes requeridos pela assistência, ainda garantiam um mimo a mais, praticamente um luxo, trazendo artistas de uma companhia para alegrar o ambiente e fazer saudáveis jogos pedagogicamente pensados para o desenvolvimento criativo e psicomotor dos pequenos e nem tão pequenos.

Lá chegamos, apresentações de praxe. Oba, somos os animadores. Ah! Binhô! Binhô! Chegaram os artistas. Entrem, entrem. Artistas! A mulher nos tinha em alta conta, quem diria. Me colocaram em um banheiro no andar superior, para me trocar. Sarita em um quarto. Penei para entender a roupa. Calça curta folgadona, suspensório, camisa larga querendo ser colorida, mas perdendo a batalha pro tempo inanimado. Peruca que queria imitar a carequinha dos palhaços, mas que passava longe na tentativa de ilusão, os fios de lã pendendo tristes daquele arremedo de pano. E a maquiagem, feita por mãos pra lá de inexperientes, coisa mais pra fim que pra início de espetáculo. Ou de festa.

Me encontrei com a Sarita no meio do corredor. Perto do palhaço mendigo que eu estava parecendo, até que ela tava um tanto quanto ajeitada. Vestida de moranguinho (!), a roupa estava bem menos acabada que a minha, e sua maquiagem perfeitamente pintada. E, pra melhorar, ela era bem atraente, o que ajudava de monte. Me senti na boa, pelo menos alguém ali sabia o que estava fazendo.

Descemos pra encarar. A casa era apertada e estava entupida de gente. Muita breja, salgadinhos e sanduíches por todo lado, ninguém se entendendo, todo mundo falando ao mesmo tempo, um zum zum zum geral e… nenhuma criança. Olhei ao redor, tentando entender. Procurei e não encontrei sinais que indicavam presença infantil. Estranho. A dona da casa atravessou o mar de gente gritando e gesticulando muito, nos agarrou e nos arrastou através das duas salas, cozinha e área de serviço, onde paramos frente a uma porta fechada. Tudo muito estranho. Ela nos falou alguma coisa, mas naquele frenesi de informação nova, eu estava mais pra lá que pra cá e sublimei completamente. Ela abriu a porta e praticamente nos empurrou pra fora, fechando-a atrás de nós. Nos vimos no topo de um pequeno lance de escada, acuados. Olhando para baixo, vimos umas trinta crianças fazendo uma zona dos infernos. Corriam pra todo lado, umas se batiam, outras choravam, comiam, cospiam refrigerante e… nenhum adulto por perto. Aquilo me perturbou.

Segue…


terça-feira, 10 de março de 2009

Terrestres: a tal da ditabranda


  • Não vou me aprofundar muito. É um dos disparates do ano, e ele mal começou. A Falha de SP mostra sua verdadeira face. Enfim, dêem uma busca no Google que tem milhares de posts sobre o tema. E como uma imagem vale mais que mil palavras, achei o máximo essa ilustra aí em cima do Latuff. Depois dessa, nada mais precisa ser dito...

sexta-feira, 6 de março de 2009

Terrestres: fodam esses filhos da puta em nome de deus

  • Não tem post. O post é esse. Sobre o fdp do arcebispo de Olinda e Recife. Se bem que, hoje em dia, ser excomungado dessa porra dessa igreja ca(te)quética é uma bênção, até para os ateus. Fini est dure. O que quer dizer? Sei lá, é latim!

quinta-feira, 5 de março de 2009

Zac e a Máquina do Tempo

Fotos Vanda Ramos

  • Caros, farei a estreia oficial em Curitiba do meu espetáculo, "Zac e a Máquina do Tempo".
  • Oficial porque já fiz a não oficial em casa, em dezembro, com presença inestimável da Katia e do sobrinho, do Jorge, Lu e Felipe e, é claro, da Vanda e do João Pedro. Ah, e do Pingo, mas ele não prestou muita atenção.
  • Por falar em inestimável, só saiu por muita fé e insistência de meu mano d`armas Jorge, que também assina a criação dos bonecos e da empanada.
  • Bom, a história é bem complexa: prestem atenção para não perder o fio da meada. O Professor, ao detectar mésons pi teóricos atravessando o LHC, resolve fazer uma investigação. Zac, o faxineiro, derruba um balde de água no aceletron e acaba criando um buraco negro que suga toda a Europa Ocidental, o norte da África, parte da Rússia e várias das ex-repúblicas soviéticas... Brincadeira!
  • Na verdade, Zac tá fugindo de um valentão, o Ferpão (lembram-se?), encontra o Professor, liga acidentalmente a máquina do tempo e vai para o descobrimento da América, dá de cara com um dinossauro peludo e cor de rosa na pré-história e descobre um segredo terrível no futuro da humanidade. Deu pra entender? Se não deu é porque você obviamente não é uma criança de cinco anos de idade e não acompanha tão extremado raciocínio.
  • Bom, a técnica é de luva (fantoche), com alguns elementos de vara. Sozinho, manipulo seis personagens e interpreto ao vivo todos eles.
  • Ah, a trilha também é minha, agradeço ao meu Mac e sua maravilhosa Garage Band.
  • O serviço:
Quando: dias 14 e 15 de março, às 15h e 17h
Onde: Teatro de Bonecos Dr. Botica (Shopping Estação - av. 7 de Setembro, 2775)
Fones: 3233-5722 e 3322-2775
Ingressos: R$ 14 e R$ 7 (meia - até 12 anos)

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Terrestres - Carná sem carná

  • Bom, bom, bom, o carnaval terminou, é hora de arregaçar as mangas e voltar a trabalhar para mover este gigante. Por falar nisso, passei incólume. Não vi desfiles, não vi blocos, pretendo não ver apuração nem opinar - como sempre acontece com gente como eu, que diz odiar a massificação da mídia, mas, no fim, sempre tem assunto pra comentar sobre tal e tal desfile, dizendo que determinada escola “realmente estava linda”.
  • Na verdade, tudo é um saco, aquela marcha batendo nos tímpanos e aquele monte de alegorias – “musas” inclusas, apesar de gostosas – desfilando tentando contar uma história sem pé nem cabeça. Mas não quero dar uma de velho nem chato. Afinal, quem curte, fique à vontade. Eu prefiro mais o sossego, quem sabe uma praia, um chubas, um roquenrol ou tomar umas tantas. Mas, como disse, acabou. Agora, a coisa é ver como o boi se comportará daqui pra diante. Vamo que vamo!

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Terrestres - O martírito de Gaza

  • Chegue pra um povo, diga que a terra que eles usam pertence a um povo há muito antes, expulse milhões deles pra uma favelona no tamanho três por dois, e aguarde para ver o que acontece. Depois de a situação ficar bem ruim, mas ruim mesmo, contra paus e pedras e bombas caseiras, mande artilharia de última geração fornecida por nada menos quer bush pai, bush filho, reagan, clinton e tudo o mais. E diante disso, diga que matar cem pessoas por dia é uma forma de combater o terror. É algo parecido ao que ocorre entre o asfalto e os morros cariocas e de todos os rincões brasileiros, não?
  • Putz, não sou anti-semita, mas o sionismo imposto no Oriente Médio tinha e tem tudo pra ser um banho de sangue eterno e arrastar todo o mundo pra uma guerra sem fim. (E quem quiser atirar uma pedra ou um ultramoderno míssil, antes se informe sobre o que é exatamente o sionismo. Simplificando ao máximo, é claro, o que se fez por lá seria algo como te expulsarem agora pra uma favela pra colocar os índios de volta na terra que é(era) deles. Ou seja, nada é tão simples assim, não sem graves conseqüências. Não falando de holocausto e perseguição histórica, mas também não falando da sistemática eliminação dos índios, que poderia ser enquadrada na mesma categoria, mas que deu muito menos ibope e tudo o mais. Tudo isso, aliás - eliminação de índios e judeus e tantos outros -, feito com participação ativíssima e decisiva de nós, cristãos de bem e compadecidos…).
  • Os extremistas muçulmanos são exatamente isso: extremistas, cegos e incapazes de piedade frente a qualquer coisa que vá contra aquilo que eles achem que é “a verdade de alá”. Mas vamos e venhamos, Israel não é nenhum exemplo de amor ao ser humano e à paz. São grandes produtores e consumidores de armas, só pra começar. E paz é vermelho nos indicadores de negócios. Só que isso não é o principal, afinal, é algo que é natural no mundo todo, não só ali. A questão é: os muçulmanos são extremistas, mas os chefes israelenses também não? Dirão que o são por causa do extremismo? Ah, então tudo bem, o patriot act resolveu isso nos EUA. Resolvido então está lá, resolvido estará aqui.
  • Mais uma vez: não é ser contra os judeus, mas nada do que o Estado israelense faz vai de encontro ao discurso “democrático”. É, pra quem está de fora, como eu, mais uma armação teológica calcada na noção de que os israelenses são (mais um) “povo escolhido”.
  • Enfim, está certo, pra mim, que estamos na lama e que deveríamos – todos – pensar seriamente em extirparmos totalmente de nossos espíritos as três grandes religiões monoteístas e suas malditas variações, seitas, igrejinhas, milagrezinhos, paraisizinhos e inferninhos. Embora por si só não sejam fonte das mortes, o ser humano é inumano demais e imaturo demais para separar as coisas.
  • Não precisa ser bidu pra ver que sou pessimista ao extremo com relação à nossa raça. O que me dá extrema insegurança por meu filho JP em seu desafio pelo futuro. Nessas horas, é preciso fé, mas, com certeza, não é fé em um deus imbecil criado à luz de oligrofênicos aos quais nos dirigimos sem questionamento. Como sempre digo, 11 anos estudando em uma escola marista me transformaram num saudável ateu.