sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Belo Monte de besteiras

Meio de saco cheio de tanta desinformação e desses globais fazendo uma campanha desonesta contra Belo Monte, levando mentiras e invencionices a todos, fui atrás de alguns outros dados. E meio que entrevistei meu amigo Márcio Tadeu dos Santos, jornalista que vive em Brasília e conhece os meandros da política oficial e não oficial; que já viveu na Amazônia e conhece as necessidades da região; e que trabalha com movimentos sociais de verdade bem antes de muita gente aqui ter aprendido a andar. Bem, perguntei para ele o que ele achava desse circo todo desse movimento Gota d´Água e o que realmente pega nessa questão da usina. A resposta é bastante esclarecedora. Segue abaixo:

“Pois é camarada.

O mais grave dessa história é que esse tipo de gente consegue até ‘convencer’ pessoas que militam seriamente nas causas sociais, indígenas e ambientais.

Não estou falando de WWF e demais.

Estou falando de ribeirinhos, índios, gente dos movimentos sociais.

Só um exemplo bem ilustrativo.

Uma militante de uma sociedade de direitos humanos para quem prestei serviços no início deste ano colocou na rede o vídeo daqueles artistas globais sobre Belo Monte.

Imediatamente eu mandei um email para o moderador da lista, chamando atenção para esse tipo de burrice.

Infelizmente, essa galera é bastante mal informada e um bocado ingênua.

Se eu ou você dissermos ou escrevermos alguma coisa, eles nem levam em consideração.

Ah, mas é artista da Globo, é o Di Caprio, é o Cameron.

Aí sim. É gente importante e de sucesso, que, ‘se chegaram lá’ é porque mereceram e patati e patatá.

Vou colocar abaixo as minhas observações que fiz ao moderador.

Antes, só uma palavrinha sobre Belo Monte.

A militância é burra, e o governo, desonesto.

O governo, na verdade, não ouviu ninguém que vai ser afetado pela hidrelétrica.

O projeto, já é velho: do tempo da ditadura militar, que o governo atual apenas está colocando pra funcionar.

Ter origem na ditadura não é exatamente um pecado.

Mas usar o mesmo método de não ouvir a população atingida é autoritarismo e sacanagem.

Independente disso, a pergunta que eu já fiz diversas vezes, é a seguinte:

Quem vai se beneficiar com a energia gerada lá?

Não será o Pará (que está reivindicando meros 13% gerados, e não vai conseguir nem isso).

Não será o Amazonas, já que Balbina dá conta do recado e a Zona Franca de Manaus não vai crescer mais do que já cresceu.

Pelo contrário, vai diminuir nos próximos anos.

Não serão os outros Estados nortistas, nem do Centro-Oeste e muito pouca coisa vai para o Nordeste.

O grosso vai mesmo para o Sudeste e um pouco para o Sul.

É mais ou menos como se o governo fizesse a despoluição completa do Tietê/Pinheiros, transformasse aquele esgoto em água mineral, e mandasse tudo para fora, e para o paulista, apenas um, dois ou três copinhos dágua.

Do ponto de vista do desenvolvimento, do desequilíbrio regional, isso é uma grande merda.

Pois vai se dar mais fogo para regiões (Sul e Sudeste) mais desenvolvidas, e o restante do País vai continuar na lamparina, na vela, no foguinho de quintal.

De outro lado, adeus à floresta que circunda a região.

Em menos de uma década, aquilo vai virar deserto como virou a região do Projeto Carajás, também no Pará.

Outro dia, entrei numa discussão com um sujeito da área de transporte que defende o asfaltamento da Manaus-Porto Velho.

Com aquela buraqueira toda, já tem gente retirando madeira ao longo da estrada (acho que são mais de 700 quilômetros), imagine com ela asfaltada, e com o natural surgimento das vias vicinais?

Agora você tem um bocado de razão.

Essa babacada ambientalista só fala besteira.

Se o País trocasse a produção de energia atual pela produção de energia de ventos, isso ia dar no máximo para movimentar as máquinas elétricas de costura de uma fabriqueta de roupa lá do Bom Retiro e olhe, olhe.

E esse pessoal do vídeo do Globo tá na verdade – com autorização dos Marinhos, se não eles não fariam o tal vídeo – é batendo no Lula e na Dilma (veja o texto que mandei para o moderador abaixo).

Quanto aos estranjas, é o de sempre. É uma no cravo, outra na ferradura.

Por exemplo, o Di Caprio, antes de se meter a falar merda sobre a floresta brasileira, deveria explicar por que mesmo que foi processado por crime ambiental quando fez aquele filme horroroso (como ator e produtor) ‘A Praia’ (acho que em Bangcoc).

Veja lá o texto que mandei para o moderador.

Meu caro moderador,

Antes de tudo me desculpe estar escrevendo para seu email com algumas observações sobre este texto “socializado” por um integrante no grupo da entidade.

Embora eu não atue mais na sociedade, continuo recebendo os emails do grupo.

E gostaria de continuar recebendo, pois tem muita informação e muita reflexão importante.

Mas não gostaria, exatamente por não estar mais na entidade, de criar uma polêmica, que sei desgastante para todos.

No entanto, emails como esse me causam uma certa perplexidade e até constrangimento.

A perplexidade se dá por conta de certa ingenuidade que ainda acomete muitos defensores dos direitos humanos neste País.

O constrangimento é por conta de um certo alinhamento, sem a devida reflexão política e ideológica, a qualquer coisa que esteja circulando pela internet.

Neste caso especifico: quem são as pessoas que depõem no vídeo?

São pessoas de classe média, que não têm – no geral – qualquer afinidade com os movimentos sociais brasileiros e com suas lutas históricas pela superação da desigualdade.

Muitos, na verdade, participaram do Cansei e dos atuais – e quase mortos – movimentos contra a Corrupção, cujo único ideal é criticar e falar mal do governo do PT – Lula e Dilma.

Não sou petista, militante do PT ou qualquer coisa do gênero, mas as críticas desse tipo de gente não têm o objetivo de ‘mudar’ o País, mas apenas de desestabilizar o governo federal.

Vá lá que a causa, Belo Monte, é boa. 
Mas isso é razão suficiente para empurrar os movimentos sociais e os militantes de direitos humanos para um alinhamento com esse tipo de gente?

Creio que não. Creio que há um equivoco nessa história toda.

Basta lembrar o caso da Maitê Proença e o que disse sobre Dilma Rousseff antes das eleições do ano passado.

Ou perceber que vários dos depoentes do vídeo são parentes do Chico Anísio, para quem a Dilma Rousseff presidente não poderia entrar nos EUA por ‘ter sido uma terrorista’.

É verdade que durante o vídeo se passa pela questão da terra indígena. Se passa, mas muito ao largo, e até com certa ironia.

No mais é a questão ambiental (vista de um ponto de vista meramente urbano), dos impostos, de quem vai pagar conta, da falaciosa geração de energia limpa e do futuro dos filhos, dos netos, dos bisnetos, ou seja, lá do que for.

Não me parece que esse tipo de gente – exceção a um ou outro – esteja realmente preocupado com as questões sociais – assunto que não abordam – como concentração de renda, desigualdades sociais e ritmo diferente de crescimento regional.

Portanto, camarada, acho que aliar-se a esse tipo de gente – branca, urbana e de classe média – não me parece ser uma coisa das mais lúcidas.

Infelizmente, esse é um erro que, vá lá, as esquerdas sempre cometem, isso desde o século 18.

Pelos resultados registrados não só no Brasil, mas como no mundo todo, é fácil adivinhar no que esse tipo de alinhamento vai dar.

Um abraço.”

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Esse é o depoimento que o Tadeu me concedeu. E para ter mais alguns pontos de vista, seguem abaixo alguns links de explicações técnicas e até algumas coisas antigas:

- Aqui tem um bom artigo, com dois vídeos técnicos que demolem o blablablá de energia limpa, de alagamento etc.
Aqui o link separado do primeiro vídeo no artigo acima. É vídeo oficial dos envolvidos, deve ser visto com parcimônia, mas tecnicamente traz informações relevantes:
Aqui o outro link separado do outro vídeo que está no artigo, muito legal, não sei de quem, um tal Magraoonline, mas muito bem explicado:

- Aqui, um grande cientista brasileiro, em um artigo do ano passado

- Até o Reinaldo Aze(ve)do, da Veja, que é tão direitista que, se eleito presidente, deixaria Médici e Pinochet parecerem freirinhas de convento, e está sempre alinhado à Globo, desceu o cacete:

Enfim, espero poder ter contribuído com o debate.



quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O que queremos?

O mundo dito “ocidental civilizado capitalista” está se dissolvendo. Talvez nem tanto, a grana é que manda, e os espertos e ricos sempre encontram formas de continuar em frente, explorando e expropriando todos os demais. Mas de alguma forma está caindo aquela crença cega de que o mercado resolve, de que a livre iniciativa (leia-se pessoas ou grupos sem obrigações ou regulação de nenhum poder maior público) lidera o desenvolvimento, de que a justiça social vem com o enriquecimento de alguns, que, num movimento que seria “natural”, se desdobraria posteriormente para os menos favorecidos (a clássica “vamos fazer o bolo crescer para depois dividir”). Pois bem, analistas geniais que do início do neoliberalismo (final dos 80 e início dos 90, lembram-se? dos yuppies, do charme das bolsas de valores, das fortunas sendo geradas sobre a fumaça da web...) até ontem cantavam em prosa e verso que a história havia acabado, que o capitalismo era o paraíso na terra, que corte de gastos e desregulamentação eram as trombetas dos anjos do Senhor, bem... Eles agora dão razão até a Marx e Engels! Por deus!
Governos torraram trilhões em dinheiro público para salvar bancos privados da quebradeira graças às políticas frouxas deles mesmos, numa verdadeira estatização dos prejuízos. Nessa hora, ninguém reclama da presença do Estado na economia. Mas bastou a poeira de 2008 assentar, e os mesmos bancos resgatados já estavam em busca de novas “oportunidades” e distribuindo milhões e milhões em bônus para executivos bem-sucedidos em seus postos-chave das grandes empresas. Porque, afinal, o que importa é o “resultado”, e, ao pensar que empresas quebradas num dia estavam salvas no dia seguinte, isso é um grande feito que merece remuneração à altura, muito diferente daquela que esses mesmos empresários dão aos seus “colaboradores”, que, na verdade, são os burros de carga que carregam as corporações no lombo.
E o povo foi às ruas. No tal ocidente porque viram a água batendo na bunda. No oriente, África e locais esquecido por deus porque a água já bateu na bunda, na barriga, no queixo, no nariz e já cobriu todo mundo há séculos. Estes, como os pobres daqui, só querem um pouco de dignidade: comida, saúde, alguma educação, condições mínimas para as famílias. Nos países ricos e na nossa classe média, queremos... Afinal, o que queremos? Será que realmente queremos mudanças estruturais, que protejam os Estados e a população das megacorporações, megamafiosos, megapolíticos e megaempresários que concentram cada vez mais riqueza em poucas mãos? Porque, por mais que os cretinos do Tea Party e congêneres digam que só é pobre quem quer, dinheiro é que nem água: é um recurso finito e se estiver sobrando em algum lugar é sinal de que está faltando em outro, algo tão óbvio que se chega a desconfiar. Mas é isso. É a pergunta clássica: o que você faria com um bilhão que não poderia fazer com 500 milhões? Pra que juntar tanta grana, que ficará mofando em cofres ou em zeros e uns em servidores bancários enquanto tem gente no desespero total? Sensação de poder, é claro, a psicologia explica. Mas que diabo, pra que tanto poder se no fim todo mundo vira pó e menos que pó? É uma mudança de mentalidade que é necessária.
Mas voltando à vaca fria: o que queremos? Será que não estamos nos indignando somente por causa de nossos nobres umbigos? Será que esses jovens que estão protestanto na Europa e nos EUA não voltarão satisfeitos para suas casas, seu consumo desenfreado, sua busca por status, poder e prazer momentâneo assim que alguma reivindicação for atendida? Queremos mudança ou somente mais dinheiro? Na hora de se indignar, é aquele pega pra capar. Temos como exemplo essa bobagem toda da USP, uns sem noção ocupando a reitoria, um governo acostumado a nunca ser questionado, a grande mídia ateando fogo, a classe média, claro, procurando soluções simplistas e a PM paulista, superpreparada e nem um pouco truculenta. Pronto, o circo tá armado. Manchetes e indignação pra tudo o que é lado, como se essa fosse a primeira vez que isso acontece. Fora que tem muita gente dizendo por aí que o buraco é mais embaixo, que a questão não é tão maniqueísta assim, tipo: “Os Malvados e Mimados Alunos” (colocando todos no mesmo saco, mesmo quem não é) contra os “Bonzinhos PMs Paulistas” (aqueles da Rota 66, dos assassinatos a sangue frio depois da crise do PCC, aqueles mesmos que sentaram o cacete nos professores ano passado)...
Mas voltando: por que esses que criticam com palavras tão veementes – inclusive os estudantes da USP – também não se indignam com assassinatos no campo, com a destruição dos grandes centros urbanos, com as grandes oligarquias, com o poder de manipulação da imprensa em prol de interesses de grupos específicos, com a criminosa concentração de renda, com a publicidade nos tornando meros idiotas compradores de tudo que é quinquilharia e por aí vai? Nada, né? O saco é que a mídia, que tem um poder imenso, em vez de ajudar, atrapalha e nos traz mais desinformação, mais cortinas de fumaça, mais defesa de interesses espúrios, conservadores e reacionários. Vixe, isso a gente fala desde a faculdade e nada mudou, muito pelo contrário, piorou.
O raciocínio é o mesmo para a questão que se coloca agora. Essas mesmas mídias que difundem as visões unilaterais e seus geniais “analistas” passaram os últimos vinte anos venerando o modelo neoliberal de desregulamentação, privatização selvagem, redução de investimentos do Estado e corte de benefícios da população. Claro, todos com rabo preso a empresas que deitam e rolam nesse sistema. Hoje veem seus castelos de areia ruindo e estão meio perdidos. Brasil e América Latina em franca ascenção com políticas sociais aliadas a investimento pesado e sustentados por estatais fortes e bancos públicos que não têm medo de dar crédito para manter a economia funcionando. E aí, classe média, de que lado ficaremos? É uma saia justa e tanto...
E aqui volta também a primeira pergunta. O que queremos? Queremos ser como os europeus e americanos, consumindo como gafanhotos e nos lixando para decisões tomadas sem participação popular? Pouco ligando para as grandes questões planetárias? Pouco ligando para nossos vizinhos? Queremos por aqui um novo muro igual ao que separa o Texas do México ou Israel da Cisjordânia? E depois que o planeta estiver totalmente exaurido e estivermos indo todos para o mesmo buraco, então vamos querer mudanças? Vamos culpar o governo por isso? Ou a nós mesmos? O pior é que eu sou pessimista por natureza. Não creio numa mudança do ser humano. Desde que descemos das árvores, o bordão “farinha pouca, meu pirão primeiro” é lei. E arrisca a continuar sendo.

sábado, 8 de outubro de 2011

A vida sexual dos PDFs

Outro dia uma cliente me pediu por e-mail que eu enviasse a ela duas cópias de uma publicação em PDF. Da mesma publicação! Comecei a imaginar se ela tinha ideia do que estava pedindo. Meu sistema de racionalização começou a funcionar, afinal, não é isso que fazemos todos os dias para engolir os sapos e poder sobreviver? Podia ser que ela quisesse enviar uma cópia para dois chefes diferentes, então pediu o número de cópias necessárias... Pensei em mandar três logo de uma vez, vai que ela mandasse as duas e uma terceira pessoa também solicitasse, e ela ficaria em maus lençóis, pois entraria em pânico por não ter mais nenhum PDF disponível e teria que despender um tempo precioso para a corporação me pedindo mais cópias. Mas isso não era suficiente para bem atender ao cliente, nossa primeira e mais básica premissa! Quem sabe eu poderia mandar um arquivo zipado com umas 50 cópias só pra garantir? Então ela só teria que pedir de novo quando acabassem os PDFs do pacote. Gênio, fiquei até embasbacado com o grau de minha astúcia!

Mas a criatividade é a mãe da evolução, e, conversando com o povo da agência, chegamos à conclusão de que era melhor apelar para a biologia virtual. Mandei um mail para ela com dois documentos em PDF e expliquei que, embora parecessem iguaizinhos, tratavam-se de um PDF macho e um PDF fêmea e que era só ela colocar os dois juntinhos na mesma pasta e aguardar alguns dias e então encontraria vários PDFzinhos, o que resolveria seu problema de cópias daquela publicação.

Só que ela me ligou depois de uns três dias, reclamando. A pasta continuava só com os dois PDFs originais. Perguntei se ela tinha seguido os procedimentos, e ela disse que sim. Perguntei se ela havia deixado a pasta fechada o tempo todo, aguardando a natureza digital fazer seu trabalho. Ela disse que não e confessou que a curiosidade a fez ficar olhando a pasta de vez em quando, mas nada acontecera. Tá aí o erro, disse pra ela. Eles devem ter ficado envergonhados e não pintou um clima. Ou isso ou algum deles é um PDF GLBT. Por via das dúvidas, mandei o zip com as 50 cópias mesmo.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Humores e rumores

Todo esse blá blá blá por conta do Rafinha Bastos e corja vira um samba do crioulo doido quando a imprensa mete o bedelho, visto que esta, atualmente, é feita de mentes tacanhas, reacionárias e conservadoras, a exemplo dos donos das empresas de mídia e da grande maioria da população. Essa onda de tiradores de sarro profissionais é um saco. Caras escrotos fazendo piadas escrotas com gente quase sempre escrota, criando uma onda de vergonha alheia... é dose! 

O Pânico escancarou as portas, depois vieram os imitadores de diferentes estilos. Mas o Tas nos seus áureos tempos já tinha esse tique, embora seu Ernesto Varela fosse muito mais sofisticado e inteligente. Agora Tas é o porta-voz do politicamente incorreto (na forma), mas na verdade levando a mensagem do politicamente correto ao extremo (no conteúdo), sendo este último pouco ou nada notado. Explico: o humor atual (e quem sabe o antigo) da TV, bares e standups em geral é extremamente preconceituoso e moralista. Faz piada com as diferenças e joga de um lado os feios, esquisitos, contestadores e reclamões e, de outro, aqueles que supostamente seriam inteligentes, bonitos, estilosos e que estão na onda de que tudo é permitido quando a iniciativa é privada

Nada contra, afinal, quem nunca contou piada de preto, pobre, judeu, brasileiro, português, mulher, ricardão, chifrudo, papagaio etc.? Pelo menos eu, branquelo criado em uma sociedade hipócrita branca que se acha a tal, já contei e ouvi muita. Só que o humor tem uma força revolucionária, ele desagrega pensamentos, subverte as intenções e manipula a ideologia do vivente. Isso quando o humor é bom. A piada, se bem engraçada, faz o próprio ouvinte rir e reforçar seu próprio preconceito, por mais que ele diga que “não tem preconceito” ou que “vivemos num país sem preconceito”. O humor faz você se desnudar, se mostrar por inteiro, mesmo que tente se tapar com folhinhas de parreira. E aí está o constituinte revolucionário. Uma piada pode até ser politicamente incorreta, mas, se for realmente engraçada, inteligente e bem contada, de repente até tem sua incorreção ignorada pela plateia. Mas o que não dá é ser grosseiro e preconceituoso e, no fim das contas, ainda não ter graça nenhuma, como é o caso de todos esses supostos humoristas que andam pululando por aí. Como o Rafinha, o Tas, o Gentili, os panacas do Pânico e tudo o mais. Aceita-se tudo de um humorista, menos a falta de graça. Isso sim é imperdoável.

domingo, 18 de setembro de 2011

Mea culpa

Nunca ganhei nenhum prêmio. No esporte, nunca passei de terceiro. Na família, fui o mediano que faz o que se espera. Na escola, bom, pero no mucho. No serviço, competente para operações, um fiasco para ganhar dinheiro. Nas artes, diletante. No amor, quase sempre egocêntrico. No mundo, uma poeira. No universo, um nada. Nos sonhos, areia movediça. Nas emoções, desencontros. Na persistência, piada. Na sociedade, um quase zero. Se lutei, raramente venci. Apanhar, apanhei e quase nada bati. Na esgrimia, mais cicatrizes que toques. Se acordei algumas vezes, raramente abri os olhos. No palavreado, gagueira e prolixidade. Se a bolsa estava subindo, lá estava eu comprando. Quando ela despencava, estava eu vendendo. Dinheiro, aliás, que nunca faltou, mas nunca, jamais sobrou. Nas tarefas diárias, um cansaço inoportuno. Nos desafios, um martírio. No transporte, um carro velho e quase sempre um busão entupido. A minha esperança é apenas a esperança. A probabilidade nunca me contou em seus caprichos. Na tristeza, solidão que não se compartilha. Nos amigos, poucos e bons. Perspectiva: apenas dois traços que se juntam no infinito. Otimismo(?): pior que ontem, melhor que amanhã. Sempre em frente, mas com olhos lacrimejantes embaçando o passado. Cabelos quase poucos, na cor omo do mais branco impossível. No espaço, a incerteza. No palco, ah, no palco! Substâncias relaxantes, tô dentro. Minha ira, idiota. A ilusão, maya. A relatividade, uma distorção. O quantum, uma demolição. A inveja, uma merda. Merda happens. No fim, tanto faz. E então, o que eu tô fazendo aqui? Mas no mar, ah, no mar, submerso, no escuro e na falta de gravidade. Bem, lá, estou em casa.

domingo, 31 de julho de 2011

Imagens legais de Curitiba


O Centro Cultural Ítalo Brasileiro Dante Alighieri, 
meu amado JP. Ah, e o relógio das flores, claro


Algumas lojinhas e a FCC, onde tem o Teatro do Piá


O Paço da Liberdade do Sesc, este prédio é muuito legal




Aqui os queimadores de carma no calçadão da 15. Dizem os antigos iniciados que tomar algumas de vez em quando e tomar o sol filtrado por eles pode reduzir seu carma cósmico. Alguns minutos, talvez. Já é alguma coisa



segunda-feira, 6 de junho de 2011

O Abismo



No fim de tudo, na beirada insana do mundo, existe um abismo. Ele não é escuro como deveria, tem laivos de eletricidade, e em seu âmago mentes treinadas, se pudessem chegar perto sem serem afetadas pelas graves consequências desse ato, seriam capazes de vislumbrar um redemoinho de poeira estelar. Diz-se que, quando você o mira, é como se sua vontade fosse totalmente drenada. Os desejos de esvaem, e se por um lado isso pode parecer bom, por outro todas as esperanças também se vão, restando apenas um breve desespero. A força que emana desse buraco é tanta que o tempo também é afetado. Ele se torna elástico, amplia-se, torna-se quase infinito. Um segundo de agonia dura uma vida. Uma migalha de angústia representa uma era completa.
Se houver algum sentido a ser pensado, neste patamar ele já deixou de existir. Até a palavra “sentido” já perdeu seu significado. As memórias felizes são contaminadas pelo vórtice que se assoma à frente, e mesmo essas lembranças passam a não parecer mais tão doces assim.
Prezado viajante: se por acaso você vir ao longe algo que pareça estar drenando seu ser e carregando sua alma sem que você possa influenciar ou evitar esse movimento involuntário, fique atento. O abismo não tem sinalização, não há uma estrada definida para o mesmo. Passantes incautos, quando menos esperam, dão de cara com ele, e então já é tarde. Inexoravelmente ficarão ali por uma eternidade, enfrentando seus monstros e medos, um a um, um após o outro, repetindo-se na batalha enquanto as forças do desavisado ser são devoradas por esse imprevisível e implacável fenômeno da natureza.
Não há registro de armas que possam ser utilizadas contra ele. Todas elas, por mais potentes ou mortais que sejam, servem apenas para alimentar ainda mais o fluxo irresistível de dissabores do fosso, que devolve cada golpe com energia redobrada, quebrando pouco a pouco a resistência do oponente. Há quem diga que nessa esquina poeirenta do universo conhecido toda vida acaba. Ou se paralisa, o que é muito pior.
Há, porém, alguma literatura obscura que nos informa que uma ou outra vez o abismo foi burlado. Um desses episódios está gravado em cristal na biblioteca universal do quadrante setecentos-e-quarenta-e-cinco-ponto-quinhentos-e-cinquenta-e-dois, face cinco-ponto-meia-meia, área duzentos-e-trinta-e-seis-ponto-noventa-e-nove. Relata que determinado ser, não identificado e não catalogado, ao se deparar com o inevitável, após alguma luta inicial, resolve inesperadamente, ao contrário da grande maioria daqueles tragados pelo fluxo energético, se deixar arrebatar pelo mesmo. Dizem os registros, que carecem de fontes fidedignas e que se limitam apenas a descrever o suposto ocorrido, que essa pessoa, após alguns minutos estendidos perpetuamente no esgarçar temporal sobre o qual já falamos, tomou algumas atitudes impensadas até então: aceitou seu destino, arremessou lá dentro sem apego quaisquer ilusões anteriores de sua mente agora sonolenta, esqueceu qualquer esperança vã que ainda pudesse conectá-lo ao beiral e... atirou-se em seu interior sem olhar para trás.
O que se segue é tomado atualmente como apenas mitos, falácias. O que se pode esperar de um acontecimento desse seria não restar nada do referido ser, nem mesmo lembranças nas mentes alheias, visto que, tendo-o como origem de sua existência, seriam arrancadas de quaisquer tecidos cerebrais que porventura as carregassem e seriam engolidas junto com ele, intrinsecamente ligados como o são. Em suma, supõe-se que um evento como esse não deixaria nem memórias de sua vítima, seria como se ela nunca houvesse existido em parte alguma da atual configuração universal. Daí o porquê de as narrativas que advieram deste improvável fato serem classificadas apenas como lendas. Muitas delas sugerem que a pessoa em questão, em vez de sublimar-se completamente, como seria de se esperar, teria, após algum período não mensurado, sido arremetida para fora, totalmente transformada, livre de seu peso existencial e, principalmente e incrivelmente, inteira e sã.
Ainda há quem vá mais longe: há crenças espalhadas de que esse ser ímpar teria saído não por aquela abertura inicial, mas por uma hipotética outra fenda, a milhares de anos-luz de distância e em período de tempo diferente daquele registrado na sua entrada na zona de influência abissal. Mesmo aqui há sugestões díspares, umas de que ele reapareceu no passado e outras de que isso teria ocorrido em algum dos futuros mais prováveis. De qualquer forma, tais fantasias só corroboram que tal indivíduo, se é que existiu, certamente deve ter  apenas e inevitavelmente dividido sua sorte com tantos outros que supostamente chegaram a tal limiar, que é a de por lá ficar por todo o sempre.
De fato, o que se supõe é que as incontáveis mentes capturadas acabam permanecendo no horizonte dessa magnífica estrutura natural, sem forças para dar o passo derradeiro e muito menos para retroceder. O que, por si só, já joga por terra a simples suposição de que algum ser poderia sair com vida de tal experiência, como relatado aqui. Embora seja mister admitir que mesmo esta alegação ainda não pode ser comprovada, visto que, por todo esse panorama apresentado, demonstra-se muito difícil, quiçá impossível, comprovar in loco tal teoria, que, por isso mesmo, ainda permanece apenas com status de hipótese, sujeita, há vários ciclos, a experimentações laboratoriais infelizmente ainda inconclusivas.
Excertos da Enciclopaedia Panuniversalis

terça-feira, 3 de maio de 2011

Melhor um Obama que um Osama?

 
Americano é um bicho interessante. Inteligente, perfeccionista, prático e obstinado. Nos enche de admiração e, paradoxalmente, de mágua, ódio e indiferença. Nos inspira em sua dinâmica criativa e inventiva e nos envergonha com sua doutrinação maniqueísta de que só ele é o pensador correto e bonzinho do mundo, sendo qualquer outro modo de pensar uma distorção da grandeza futura reservada por deus em sua visão de um olho na pirâmide da nota de um dólar.

Pessoas tão inteligentes e tão ávidas por serem dominadas, enganadas, subjugadas por toda sorte de ilusão midiática. Obama vindo ao púlpito e dizendo que Osama está morto. Obama dá as costas e vai embora dramaticamente, filmado de costas por vários segundos, caminhando sobre um tapete vermelho em um grande corredor da Casa Branca.

Basta isso para americanos fazerem festa. Osama está morto. Ou seria Obama, conforme a gafe (intencional?) da Fox News em seu lettering nos primeiros momentos da cobertura? Não importa. Matamos Osama, dizem os falcões. Foram os guarda-costas dele, diz um jornal paquistanês. Mas é paquistanês, portanto, não merece credibilidade. Jogamos no mar. No mar? Mas que catzo, pra quê? Pra respeitar as leis islâmicas. Mas agora deram de respeitar as leis islâmicas justo com o mais procurado bandido da atualidade? E onde diabo diz que devem ser jogados ao mar? E quem vive no meio do deserto, a milhares de quilômetros do mar, como é que fica quando morre? Miragem vale pra jogar o dito cujo? Ou um oásis?

Deixa pra lá, e deixa pra lá também a crise e as benesses ao sistema financeiro, que vão degringolar em outra futura quebradeira sem precedentes. Esqueça Guantánamo e seus gritos de desespero, está em Cuba, uma ilha do mal, como vocês sabem, então não necessita de nosso pranto. Esqueça os vários pesos e várias medidas com relação a ditadores e torturadores mundo afora, nem pense na lambança que fizemos e fazemos em todo o Oriente Médio, ateando assim fogo ao mundo todo. Falemos de reeleição. Coincidência, né? Outro dia já fizemos uma propagandinha na TV antecipando a eleição e hoje somos aclamados como os assassinos de Osama. Até os mais retrógrados e raivosos direitistas da Fox tiveram que dar o braço a torcer. Donald Trump, a imagem acabada do empresário de sucesso – falido várias vezes, mas, mesmo assim, com um programa de TV –, que vinha delirantemente criando uma ilusão no fundo de sua mente de que poderia ser candidato e até o próximo ocupante do Air Force One, deve estar se revirando em sua jacuzzi com duas modelos/atrizes e pode até ter deixado a peruca cair ao se engasgar com uma taça de Don Pérignon 1969.

Interessante. Essa é a palavra. O que passa na mente dessas pessoas? Acreditam em qualquer coisa que as grandes redes mandam, sem questionar. Aceitam qualquer coisa que lhes fale, apesar de supostamente terem um elevado grau de educação e de condições financeiras melhores do que nós e todo o resto do mundo. E agora vão dançar e comemorar até que o próximo avião acerte um grande prédio. Ou que a China tome conta de tudo. Ou que um tsunami financeiro varra novamente suas parcas economias para os bolsos dos megamiliardários que comandam o país e o mundo.

Mas, afinal, ainda é melhor um Obama que um Osama. Ou que um Trump. Ou algo pior, certo?

sexta-feira, 15 de abril de 2011

A infrutífera busca pela felicidade

Se você está buscando a felicidade, já começa tomando um gol antes do primeiro círculo do relógio. Buscar é perder. É colapsar a realidade em algo sobre o qual você não tem controle. Você pode encontrar algo bom ao virar a próxima esquina. Mas também pode ser uma merda completa. Assim é a vida, diriam alguns. Não sigo as regras do destino e me recuso a ser controlado dessa maneira, diriam outros.

Mas, no fim, por mais inspiração, por mais iluminação que tenhamos, estamos presos ao chão, permanentemente inseridos em uma solução de ideias, vontades, leis físicas e o além insondável de nossas mentes. Como se sabe, até um certo nível de dimensão as soluções são exatamente isso, indissolúveis.

Afinal, onde procurar? Nos livros? Por que lemos? Para aprender, para pensar, dizem uns. Eu pessoalmente leio para esquecer. Esquecer do mundo real e entrar por alguns momentos em universos idealizados, paralelos ou coisa que o valha. Tem a função de uma bebida, um baseado ou algum outro relativizante da realidade. Aprendo algumas coisas, sim, mas poucas úteis para o dia a dia. Fiz um manual de primeiros socorros um dia desses, e essa leitura me trouxe mais informação útil do que Goethe, Dostoievski ou Hemingway juntos: como fazer um torniquete, respiração boa a boca, massagem cardíaca, imobilização de membros quebrados, compressão de ferimentos.

Quem sabe aprendamos sentimentos. Mas normalmente só nos serve para vermos que nossa miséria existencial individual é partilhada em alguns aspectos com algumas das grandes mentes de nossa história. Já é alguma coisa. Os três autores citados não foram em vão. Teve uma época em que li três romances deles, um atrás do outro: As Afinidades Eletivas, O Jogador e Adeus às Armas. Foi algo estranho, pois os peguei ao acaso e, no fim, as três histórias juntas se mostraram semelhantes em sua temática: tragédias de amor, em que a vontade humana – em particular a masculina, é claro –, embebida pela paixão, se vê tolhida em sua capacidade de ação e reação, sem a força necessária para mudar um destino trágico terrível, em que só sobra a solidão. Um alto astral só.

Mesmo assim, ler ainda é melhor que o audiovisual. Filmes são legais, é claro. Mas são curtos e não permitem a você se embrenhar realmente no clima da história, como acontece com um bom livro. Estou preferindo séries, mas, mesmo assim, não vejo graça nem tenho saco pra acompanhar nenhuma. Horários, necessidade de seguir o ritmo apontado pelo diretor etc. Isso tudo acaba sendo um exercício mental que traz frustração mais do que um prazer.

Teatro? Difícil. Queria ter ido a alguns do Festival de Curitiba, mas 50 paus por cabeça em um FESTIVAL, isso mesmo, FESTIVAL, é de amargar, o retrato da classe média curitibana, que ainda vive nos anos 50. Fora que anos atrás fui em dois espetáculos, um com texto americano e alguns globais de segundo escalão, que foi OK (mais pelo texto do que pela performance). Mas em outro, de um pessoal de Londrina radicado no Rio, não me lembro o nome, acabei saindo no meio de tão chato e gritado que o espetáculo era. Sem chance. Estamos no século 21 e ainda tem ator que acha que gritando vai fazer a platéia sentir na marra o sentimento a ser expressado. Mas ainda tenho fé, um dia conseguirei. Um adendo, por incrível que pareça, ainda não vi nada que me trouxesse mais prazer, riso solto e emoção que o Juan Romeo y Julieta Maria e Los Bufos de la Matine, d’El Chonchón. Talvez a letrinha animada e mal-humorada de Jordi Bertran, com a qual quase me mijei de rir em um teatro megalotado, na última fileira. Melhor: na época, a quatro reais a entrada!

Escultura, design, pintura, performances, instalações? Pra que presenciamos? Pra que fazemos? Sabe-se lá. Pra criar ruído, criar universos, pra sermos reconhecidos. Tem gente que se arrisca até a tentar ganhar dinheiro. E o risco? Já pensou que tudo o que é imaginado existe em algum lugar? Que uma história triste pensada está lá, em looping eterno, fazendo aqueles pobres personagens sofrerem como o diabo como fazemos por aqui quando em vez? Espírito de deus! É exagero? Mas onde esses dramas devem ser encenados? Com certeza em algum lugar e tempo. Quando colocamos nossa mente para funcionar, criamos o mundo. É assim para o hinduísmo, é assim para a mecânica quântica (esta é apenas uma constatação sem a pedante tentativa de usar princípios físicos para justificar o fundamentalismo religioso de alguns, uma técnica bastante em voga hoje em dia).

Mas não é isso. É o sentimento de despertencimento, de ser zen sem o aplacamento dos desejos, o niilismo sem a coragem de estourar tudo, a religião sem fé nem escrúpulos, o heroísmo de discurso e não de prática. No fim, ninguém está buscando mais nada. Não se busca a paz, mas um arremedo dela. Busca-se no consumo uma alternativa à realização mais profunda. No status, um placebo para a importância individual no cosmos. No prazer desmedido, um preenchimento de lacunas que são tão grandes quanto o próprio universo. Pois, afinal, há modelos de universo em que estamos “dentro” com todo o resto fora. E há modelos em que estamos fora com todo o universo “dentro” de nós. Viu? Mais uma ideia estapafúrdia que se tornou real em algum lugar deste misterioso vão que fica entre nossas orelhas.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Que falta fazem alguns neurônios e cérebros


O cartunista Solda se envolveu em uma enrascada tramada pelo kafkiano (baixo) nível cultural do brasileiro médio. Gente sem rancor, alegre, camarada e democrática, à esquerda e à direita, como todos sabem. O paraíso, essa é a Terra Brasilis.

O elemento fez uma charge em que falava que o rapapé pro Obama teria quitutes dionisíacos e... “banana, muita banana”. A figura era de um macaco com cara de safado fazendo a famosa banana com os braços (veja acima). Nada de mais? Nem tão engraçada? Não tão clara em suas intenções? O cara não teve competência pra dizer o que pensa?  Não se julga isso, gosto não se discute e esse é outro papo. Só que a casa caiu quando o dileto Paulo Henrique Amorim, em sua cruzada “progressista” radical esquerdista pero-no-mucho pos soy amigo do bispo, colocou a charge em discussão dando a entender que ela era racista. Assim, sem mais, sem explicar o porquê nem buscar uma defesa do acusado. Execração pública sem direito a réplica.

Bastou para que milhares de pessoas entrassem defendendo e apunhalando o autor. De imediato, como é sempre praxe, o jornal online Estado do Paraná o mandou pra rua. Desse jeito, do mesmo modo com que o prefeito “socialista” de Curitiba, Il “Ducci”, disse que iria rescindir e estatizar os radares de nossa querida capital ecológica quando houve a grande denúncia das empresas no Fantástico, sem dizer de onde tirará os milhões pra pagar a multa rescisória e para comprar e pagar pessoal para gerir os equipamentos. Pá-pum, tudo resolvido, varremos as discussões pra baixo do tapete e não se fala mais nisso.

No caso do Estadinho do PR, como em outros jornalões e em muitas empresas, normalmente o proleta acaba sendo usado para aplacar a ira da choldra ignorante. Simples assim.

O que ninguém quer ver e não vê é que o cara tava dizendo que éramos nós os macacos a dar uma bananada pro Obama. Tipo: chega disso, a macacada agora tá atenta e de olho e ninguém mais canta de galo em nosso terreiro. Sim, pois nós não somos macacos? Claro que somos. Animais espertos que só, se dão bem sempre, pois não se deixam enrolar. O deus-macaco chinês é venerado, então por que não os veneramos também? Mas não. O brasileiro pensa: “macaco? Não sou eu, pois sou lindo, bundudo, simpático, tolerante e pacifista. Portanto, deve ser o Obama. Racismo!”

Benzadeus. Tamos todos ferrados. TV e Veja de consultório demais dá nisso...

quarta-feira, 23 de março de 2011

Roteiro das ilhas - Ilha do Mel

Há alguns lugares em que me sinto bem. Em que parece que a energia flui com calma, tranquilidade, sem premência, sem pressa.

A ilha é hoje tomada por pousadas, algumas mais sofisticadas, outras mais simples. É relativamente cara, muito distante do mundo bicho-grilo de décadas atrás, embora ainda encontremos alguns perdidos por lá. Mas é um grande exemplo de grande exploração de turismo – fica lotada em épocas de temporada – com preservação. Tudo é muito limpo, e as construções existentes (há embargo para novas) ficam totalmente integradas à vegetação – elas é que se adaptam ao verde, não o contrário. Deem uma olhada no vídeo lá embaixo, quando eu falo de Nova Brasília - aos 7'' - vê-se apenas um verdão, mas há ali no meio pelo menos uma centena de casas e pousadas, algo impressionante.

Por ser no Paraná, o controle na ilha até surpreende, visto que atenção aos detalhes e inovação andam a passos de tartaruga por aqui...

Na sequência: vista de Praia de Fora, Praia Grande e Praia do Miguel; barco-boteco na Praia do Farol; Praia Grande; Farol das Conchas; Fortaleza Nossa Senhora dos Prazeres; píer em Nova Brasília.












Essas e outras fotos estão aqui, no Picasa.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Roteiro das ilhas - no sul de Floripa ATUALIZADO

É no sul, mais pro sul, que me sinto bem. Na vista imponente das montanhas e do mar verde e azul abraçado pelas baías. É lá que tudo fica mais tranquilo, em que nos sentimos novamente pequenos, insignificantes diante de tanta beleza. Um local para deixar de lado os delírios de grandeza e apenas curtir o sol, o sal, o amor, a ternura e a paz. Lá não é um lugar. É um momento para ser - nem que seja um pouquinho - feliz! 

Abaixo, eu e Vanda em um dos visuais mais legais que eu já vi, a trilha entre a praia da Solidão e a praia do Saquinho.









Aqui, o inesquecível visual entre Solidão e Saquinho.


P.S.: em tempo, esse apoio para cotovelos e brejas é o bar do Quirino, no finzinho da trilha. Nada mau, nada mau...

  • Aqui embaixo, o outro lado do Sul da Ilha, voltado ao continente, Ribeirão da Ilha, vila açoreana com fazendas de ostras, restaurantes e um ritmo (no bom sentido) de séculos passados:




Mais fotos estão aqui, no Picasa.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Férias Animadas em Curitiba



Foi um fim de semana cheio com a abertura na manhã de sábado e performance na manhã de domingo, nas ruínas de São Francisco. E com duas apresentações do Zac no São Lourenço. O vídeo é a abertura das Férias Animadas no calçadão da XV, em 8/1.

O boneco é o Colombo, interpretado por mim e confeccionado por Jorge e Luciana Miyashiro. Fez muito sucesso junto com o Dino. O interlocutor é o Marcelão Karagoz.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Zac no Parque São Lourenço


Começa neste sábado e segue o mês todo o festival Férias Animadas, da APRTB (Associação Paranaense de Teatro de Bonecos) e Fundação Cultural de Curitiba. As formas animadas estarão em diversos espaços públicos, como teatros, parques, hospitais e creches, fazendo a alegria dos pequenos e dos grandes também.

Neste sábado, a partir das 11h, no calçadão da XV, haverá a tradicional abertura com desfile de bonecos. No domingo, nas ruínas de São Francisco, mniniapresentações. E durante todo o mês vai ter programação, clique aqui e veja a programação.

E o "Zac e a Máquina do Tempo" com minha Cia de Artifícios Teatrais estará em cartaz neste final de semana, no Centro de Criatividade do Parque São Lourenço, às 16h. É na faixa. Em tempo, o texto, atuação e a trilha são meus, os bonecos e empanada são do Jorge Miyashiro, a pintura é da Luciana Miyashiro e as fotos são da Vanda Ramos. Vai lá que vale a pena.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Para começar bem o ano

Está no ar um dos vídeos, legendado para o inglês, da apresentação da Cia Fantoches do Cobal. A iniciativa é do Jorge Myashiro na Escola Estadual Padre Colbacchini, no Butiatuvinha, em Curis. Foi bem legal. Produzi o cartaz, com apoio total da Doma Design, que fez o design, e da Pix Bureau, que o imprimiu. E minha Cia de Artifícios Teatrais fez a apresentação de encerramento do "Zac e a Máquina do Tempo". Abaixo, o cartaz. E clicando aqui, você vai para o vídeo. Abraços e bom 2011 a todos.