quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O dono da bola

Tava lendo um post do Azenha sobre Bauru, Pelé, o famoso sanduíche e quetais, e me lembrei de ter ido ao BAC uma vez ver um show de Blues.  BAC era o Bauru Atlético Clube, nos Altos da Cidade ou Estoril, não me lembro. Era famoso devido a um pequeno detalhe: foi o local onde um certo Edson Arantes do Nascimento começou sua carreira futebolística, ainda praticamente um menino. 
Outra vez entrei no hall do clube (vestíbulo naquela língua mais complicada) e havia lá uma foto sensacional: o time do BAC posicionado tradicionalmente (fileira de trás em pé, fileira da frente agachada), todos marmanjos imensos, e no meio deles um franzino molequinho de seus, sei lá quantos, 13, 12 anos, menos? Impossível não reconhecer que era o menino Pelé, sorridente, em contraste com os sisudos jogadores. E quem estava com a bola? Ele, é claro, não deixando dúvidas de quem era o dono da pelota. Uns anos atrás, o BAC sucumbiu à sanha imobiliária e seu imenso terreno deu lugar a um shopping center.
No ano passado, eu conheci o Pelé em uma festa junina em sua casa, no Guarujá, e falei do episódio. Ele lamentou pela demolição do BAC, disse que houve muita gente pedindo a ele para salvar o clube e coisa e tal. "Mas eu não posso fazer tudo", disse ele. Enfim, ficou na memória.
Em tempo, eu, minha mulher e meu filho tiramos fotos com ele nesse dia. Pelé estava a caráter, vestido de caipira: paletozão imenso todo remendado, calça, camisa e gravata idem, bem chamativos, parecia um morador de rua. Quando, orgulhoso, mostrei a foto a um colega de trabalho, ele disse: "É, realmente parece com o Pelé". Eu insisti, dizendo que era o Pelé mesmo. Mas o cara não acreditou: "O Pelé, mulambento desse jeito? Ah, vá! Acha que sou besta?" Não tem jeito, nem quando eu posso me vangloriar eu consigo.