sexta-feira, 5 de outubro de 2007

....tempo...

Supondo que o exercício de raciocínio do tempo colocado anteriormente seja válido, quer dizer que, de uma só vez, em um instante, um vácuo de segundo, tudo se formou e também se configurou: o movimento da poeira estelar, sua aglomeração em nebulosas, depois em galáxias e estrelas, algumas se tornando supernovas, outras quasares, outras buracos negros. Até que parte da poeira se adensou em planetas, rochas, cometas e tudo o mais. E mais avante ainda, a vida floresceu na terra, evoluindo até chegar em nossa atual configuração. Mais ou menos 14 bilhões de anos pra chegar aqui. Isso se estivermos, como realmente estamos, vendo tudo passar quadro a quadro em nossa janela.

Para alguém hipoteticamente mais afastado, a visão é, na hora do big bang, da tira inteira do filme pronta. Tudo o que iria acontecer já estava lá. Todo esse movimento, cada grão de poeira cósmica se juntando, cada giro de planeta, cada agitação dos pseudópodes dos primeiros organismos unicelulares, cada passo dos organismos complexos, cada virada de pescoço dos animais superiores, cada simples piscar de olhos dos seres humanos.

Num momento, tudo existe. É a imagem de Brahma sentado sobre a flor de lótus que nasce do umbigo de Vishnu. No espaço de uma piscada, ao abrir os olhos, Brahma cria um novo universo. Ao fechar os olhos, o universo deixa de existir. Ao abrir novamente, um novo universo vem, e assim por diante. A criação e destruição contínuas em cada piscar de Brahma. No posto do nosso observador privilegiado, ele veria o espaço-tempo de uma só vez, todos os momentos, cada movimento, em um único instante.

O universo é imenso. Pode até ser finito (há uma grande discussão sobre se é ou não, dependendo de sua massa total), mas é tão grande que não faz diferença para nossa percepção. Além do que há ainda toda a elucubração sobre o que vem depois de suas fronteiras (outro bate-boca em andamento). Mas voltando ao universo perceptível, é algo fora de nossos parâmetros, toda magnitude desse período de bilhões de anos e também a extensão desses mesmos bilhões de anos-luz de espaço. Enfim, é tão incomensurável que alguns o creditam a deus e coisas do tipo. Deu pra sacar o que estou dizendo, né? Daí é que vem o enrosco.

Segue:...tempo

2 comentários:

  1. Uns contributos para sua reflexão:
    "o curso que se pode discorrer /
    não é o eterno curso /
    o nome que se pode nomear /
    não é o eterno nome /
    imanifesto /
    nomeia a origem do céu e da terra /
    manifesto /
    nomeia a mãe das dez-mil-coisas /
    portanto /
    no imanifesto se contempla seu deslumbramento /
    no manifesto se contempla seu delineamento /
    ambos ... /
    o mesmo saindo com nomes diversos /
    o mesmo diz-se do mistério /
    mistério que se renova no mistério .../
    porta de todo deslubramento."

    do dejing
    laozi

    ResponderExcluir
  2. Legal, Tadeu. Lao Tsé na veia: do um nasce o dois, do dois nasce o três e do três todas as dez mil coisas....

    ResponderExcluir