terça-feira, 4 de outubro de 2011

Humores e rumores

Todo esse blá blá blá por conta do Rafinha Bastos e corja vira um samba do crioulo doido quando a imprensa mete o bedelho, visto que esta, atualmente, é feita de mentes tacanhas, reacionárias e conservadoras, a exemplo dos donos das empresas de mídia e da grande maioria da população. Essa onda de tiradores de sarro profissionais é um saco. Caras escrotos fazendo piadas escrotas com gente quase sempre escrota, criando uma onda de vergonha alheia... é dose! 

O Pânico escancarou as portas, depois vieram os imitadores de diferentes estilos. Mas o Tas nos seus áureos tempos já tinha esse tique, embora seu Ernesto Varela fosse muito mais sofisticado e inteligente. Agora Tas é o porta-voz do politicamente incorreto (na forma), mas na verdade levando a mensagem do politicamente correto ao extremo (no conteúdo), sendo este último pouco ou nada notado. Explico: o humor atual (e quem sabe o antigo) da TV, bares e standups em geral é extremamente preconceituoso e moralista. Faz piada com as diferenças e joga de um lado os feios, esquisitos, contestadores e reclamões e, de outro, aqueles que supostamente seriam inteligentes, bonitos, estilosos e que estão na onda de que tudo é permitido quando a iniciativa é privada

Nada contra, afinal, quem nunca contou piada de preto, pobre, judeu, brasileiro, português, mulher, ricardão, chifrudo, papagaio etc.? Pelo menos eu, branquelo criado em uma sociedade hipócrita branca que se acha a tal, já contei e ouvi muita. Só que o humor tem uma força revolucionária, ele desagrega pensamentos, subverte as intenções e manipula a ideologia do vivente. Isso quando o humor é bom. A piada, se bem engraçada, faz o próprio ouvinte rir e reforçar seu próprio preconceito, por mais que ele diga que “não tem preconceito” ou que “vivemos num país sem preconceito”. O humor faz você se desnudar, se mostrar por inteiro, mesmo que tente se tapar com folhinhas de parreira. E aí está o constituinte revolucionário. Uma piada pode até ser politicamente incorreta, mas, se for realmente engraçada, inteligente e bem contada, de repente até tem sua incorreção ignorada pela plateia. Mas o que não dá é ser grosseiro e preconceituoso e, no fim das contas, ainda não ter graça nenhuma, como é o caso de todos esses supostos humoristas que andam pululando por aí. Como o Rafinha, o Tas, o Gentili, os panacas do Pânico e tudo o mais. Aceita-se tudo de um humorista, menos a falta de graça. Isso sim é imperdoável.

3 comentários:

  1. É isso ai Serjão. O humor brasileiro sempre foi conservador, de direita, reacionário. Não o reacionarismo que nos vem da velha dicotomia esquerda X direita. Eu sou progressista, então sou de esquerda, você é de conservador, então é de direita. Reacionários e conservadores há à esquerda e direita.O reacionário contemporâneo é o cara sem sensibilidade social. Que achincalha as vitimas de sempre: o velho, a mulher gorda, o pobre, o rico afetado, o homossexual, as feministas e por aí vai.Os standups são uma importação patética dos EUA, embora eles já apareçam bem antes na Europa. Mas a gente adora importar drogas made in USA. Fazer o que? Estamos no terceiro mundo.E você somente iria levar um puxão de orelha de meus camaradas militantes do Movimento Negro por usar a expressão "samba do crioulo doido". No mais, é isso aí.
    Márcio Tadeu

    ResponderExcluir
  2. Serjão, só mais algumas palavrinhas sobre o standup (forma autoritária de se fazer humor, porque não admite a contradita, já que o humorista tem o controle total do evento) e do humor em geral. Nos EUA, por exemplo, o humor dos negros, ditos afrodescentes, compreende uma grande dose de ironias dirigidas à própria comunidade: negros e negras obesos, os muitos frangos fritos comidos, o falo dos homens, os gemidos orgásticos das negras; e o humor judeu desanca Israel, os fundadores do judaísmo e do Estado de Israel, a mãe autoritária, o pai chifrudo, a neurose exacerbada e por ai vai. O humor brasileiro dessa corja – como também era do Jô, do Chico Anísio, do Costinha e demais – não ridiculariza a si próprio, aos seus, aos de seu meio. Se não se ridiculariza, não se faz humor. Isso que esses caras fazem é achincalhe. Quem não faz humor, debocha (dos outros).
    Márcio Tadeu

    ResponderExcluir
  3. é foda, mas rir é excluir!
    Primeiro ri depois mata. Ri do cigano, negro, japa, china, gago, gay, sapata, adúltera, velho(a); ri do Jerry Lewis pela sua simulação de incapacidade motora. Rir é a sofisticação do nojo.
    Portanto não há comédia arrumadinha, mas consensual.

    ResponderExcluir