domingo, 18 de setembro de 2011

Mea culpa

Nunca ganhei nenhum prêmio. No esporte, nunca passei de terceiro. Na família, fui o mediano que faz o que se espera. Na escola, bom, pero no mucho. No serviço, competente para operações, um fiasco para ganhar dinheiro. Nas artes, diletante. No amor, quase sempre egocêntrico. No mundo, uma poeira. No universo, um nada. Nos sonhos, areia movediça. Nas emoções, desencontros. Na persistência, piada. Na sociedade, um quase zero. Se lutei, raramente venci. Apanhar, apanhei e quase nada bati. Na esgrimia, mais cicatrizes que toques. Se acordei algumas vezes, raramente abri os olhos. No palavreado, gagueira e prolixidade. Se a bolsa estava subindo, lá estava eu comprando. Quando ela despencava, estava eu vendendo. Dinheiro, aliás, que nunca faltou, mas nunca, jamais sobrou. Nas tarefas diárias, um cansaço inoportuno. Nos desafios, um martírio. No transporte, um carro velho e quase sempre um busão entupido. A minha esperança é apenas a esperança. A probabilidade nunca me contou em seus caprichos. Na tristeza, solidão que não se compartilha. Nos amigos, poucos e bons. Perspectiva: apenas dois traços que se juntam no infinito. Otimismo(?): pior que ontem, melhor que amanhã. Sempre em frente, mas com olhos lacrimejantes embaçando o passado. Cabelos quase poucos, na cor omo do mais branco impossível. No espaço, a incerteza. No palco, ah, no palco! Substâncias relaxantes, tô dentro. Minha ira, idiota. A ilusão, maya. A relatividade, uma distorção. O quantum, uma demolição. A inveja, uma merda. Merda happens. No fim, tanto faz. E então, o que eu tô fazendo aqui? Mas no mar, ah, no mar, submerso, no escuro e na falta de gravidade. Bem, lá, estou em casa.

2 comentários:

  1. Grande Sérgio - esse é o cara que conheço e tenho muito prazer de ser um amigo. Grande abraço mano.
    alex

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  2. Grande Alex, sempre presente. Abração, meu caro.

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