sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Terrestres - Penúria educacional

Fui dar uma palestra sobre como escrever histórias aos estudantes da sétima série da escola estadual Padre Colbacchini, conhecido como Cobal, no Butiatuvinha, pra lá de Santa. A escola reúne uma galerinha de periferia, alguns de umas comunidades bastante precárias. A própria escola é o retrato da penúria - instalações desgastadas, quintal totalmente tomado pela erosão, um ambiente pouco convidativo ao convívio ou à reflexão. O contrário digo dos profissionais - a diretora, o coordenador pedagógico, os professores - todos imbuídos daquilo que é necessário e essencial para ser educador do Estado neste nosso país: vocação, calma e estoicismo, pois às vezes a coisa parece desesperadora, das condições físicas à rebeldia e pé na marginalidade de muitos daqueles garotos e garotas que lá estão.

É o retrato acabado de que no Brasil todo mundo fala em educação, na importância dela etc e tal, mas na verdade ninguém tá nem aí - das famílias desagregadas, em primeiro lugar, passando pelas famílias de classe média e ricas que acham que são "agregadas", mas que não educam e não dão limites ou mínimos valores aos filhos, encontrando pelo caminnho megacorporações, entidades religiosas e secretas, e chegando a partidos políticos e governos diversos. Ninguém dá lhufas por isso. Mas quem está lá dá. Os profissionais da educação sempre me espantaram, pois eu seria um frustrado todos os dias se lá estivesse. Eles, não, ou pelo menos fingem bem. Mantêm-se firmes, animados e até bem-humorados! Enfim, parabéns a eles. Espero no fim do ano voltar lá apresentar o Zac. Um grão de areia no meio do grupo local de gaáxias onde está a Via Lactea.

Em tempo, o quinto e o sétimo anos do Cobal estão envolvidos com um teatro de bonecos, projeto coordenado pelo Jorge Miyashiro. Para mais detalhes, clique aqui.

2 comentários:

  1. Grande Sérgio Del Giorno

    Sempre acompanho seu blog e vc me faz ir ao dicionário. Isso importa. Aqui, acompanhado de um bom conhaque e uma lata de cerva fico, melhor, me sinto privilegiado, ao ler os seus textos e ter a sua amizade. Grande abraço irmão de sangue.
    alex

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  2. Grande Alex, sempre presente. Abração, bro.

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