Já tive capacidade de comunicação de golfinho. Enquanto assistia a um filme na TV, conversava com minha mulher e lia um livro. E conseguia assimilar as três informações sem perda significativa de coerência em nenhuma delas. Dizem que os golfinhos conseguem assobiar e ecoar ao mesmo tempo e ecoar diversos objetos simultaneamente, mesmo em ambiente com ruído de fundo. O equivalente humano a assobiar e chupar cana.
Hoje infelizmente não tenho mais essa capacidade cetácea. Depois de mulher-casa-cachorro-filho-obra, a coisa foi ficando complicada. Fora que os 35 já vão ficando distantes, e os 40 chegando, e, tenho que admitir, THC e etanol são bons pra algumas coisas, mas são péssimos lubrificantes de neurônios. Cada vez mais as palavras me escapam, e sinônimos vão se tornando cada vez mais difíceis de garimpar nos arquivos do sistema.
O pior de tudo é a tendência ao rabugentismo, ao isolamento, ao tédio, esses são de lascar. Antes, pelo menos, eu era mais destemido, andava por cavernas, pulava de pontes, descia corredeiras, fazia rapel em cachoeira e até já saltei de paraquedas, além de uma série de outras bobagens arriscadas e sem sentido. Hoje, com a desculpa de ter um filho, o medo que garante a autopreservação de minha linhagem genética me deixa totalmente apático, o mais arriscado que tenho feito é atravessar a rua e olhe lá.
Enfim, faz parte de nossa jornada a mudança constante, só que nem sempre pra melhor. E quem conseguirá conter a mutação eterna, o movimento que faz o tempo? O melhor talvez seja ficar quieto, respirar, aceitar. Ah, mas continuo a ter muita saudade de minha comunicação de golfinho!
Hoje infelizmente não tenho mais essa capacidade cetácea. Depois de mulher-casa-cachorro-filho-obra, a coisa foi ficando complicada. Fora que os 35 já vão ficando distantes, e os 40 chegando, e, tenho que admitir, THC e etanol são bons pra algumas coisas, mas são péssimos lubrificantes de neurônios. Cada vez mais as palavras me escapam, e sinônimos vão se tornando cada vez mais difíceis de garimpar nos arquivos do sistema.
O pior de tudo é a tendência ao rabugentismo, ao isolamento, ao tédio, esses são de lascar. Antes, pelo menos, eu era mais destemido, andava por cavernas, pulava de pontes, descia corredeiras, fazia rapel em cachoeira e até já saltei de paraquedas, além de uma série de outras bobagens arriscadas e sem sentido. Hoje, com a desculpa de ter um filho, o medo que garante a autopreservação de minha linhagem genética me deixa totalmente apático, o mais arriscado que tenho feito é atravessar a rua e olhe lá.
Enfim, faz parte de nossa jornada a mudança constante, só que nem sempre pra melhor. E quem conseguirá conter a mutação eterna, o movimento que faz o tempo? O melhor talvez seja ficar quieto, respirar, aceitar. Ah, mas continuo a ter muita saudade de minha comunicação de golfinho!
Está ficando velho mano
ResponderExcluirabração
alex
É, camarada, pensou de quebrou, é só trocar? Abração.
ResponderExcluirQue é isso, vc. está jovem, forte, pronto para regaçar umas gatinhas! Seja como eu!
ResponderExcluirContinue em pé, lutando e se fraquejar não conte comigo porque tenho um bule de chá esquentando lá em casa e esse frio está matando minhas joanetes vou para baixo do cobertor. Unhé, unhé, unhé...
As joanetes do grande ou do pequeno?
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