sexta-feira, 21 de junho de 2013

No meio do protesto

Pra não dizer que não presenciei nada, nesta noite de 21 de junho atravessei um dos tais protestos aqui em Curitiba.

Devo parabenizar os participantes. Uma noite chuvosa pra danar. Não uma chuvinha qualquer. Uma puta chuva, que cai há dias, junto com o frio curitibano. Não é pra amadores. Todos molhados e gelados. Mas normal pra galera, a grande maioria adolescente. Nessa idade, você nem sente o frio ou o cansaço.

Claro que tinha muita, mas muita gente mesmo, bebendo pra caramba, em PETs devidamente preenchidas de cachaça, vodka ou qualquer coisa alcoólica misturada com qualquer outra coisa pra dar um gostinho. Isso com certeza afastava a friagem. Mesmo sendo meio cedo, coisa de 18h45, vi uns quatro já carregados pelos colegas, totalmente bêbados.

O que parece é que nesses dias as manifestações se tornaram uma espécie de programa. Melhor que ficar em casa ou se enfiar em algum shopping. Embaixo de chuva, todos juntos, encontrando os amigos, dando uma azarada nas pretendidas e nos pretendidos e em gente nova que dá mole. Como disse antes, pra quem tem energia de sobra, é uma aventura. Ainda mais porque eles conseguem parar as ruas, como se fossem os donos delas. E, na verdade, são mesmo. Somos todos.

Eram vários grupos separados, indo ao longo da Marechal Floriano na direção da Rui Barbosa. O legal é que o trânsito parou, os ônibus precisavam ser esvaziados, pois não iam para mais lugar algum. E algumas pessoas ficavam putas, mas no fim entendiam. Uma espécie de trégua para que os jovens pudessem extravasar, gritar, sentir que faziam a diferença. Sem muito estresse. Afinal, você se estressa todo dia mesmo por motivos diversos.

Outra coisa que vi foram muitos estudantes bastante jovens, coisa entre 14 e 16 anos. Muitos estavam de uniforme, demonstrando que vinham direto da aula. Todos animados. Porque era sexta-feira à noite. E a galera estava se encontrando. Quer coisa melhor?

Também vi faixas com as tradicionais palavras de ordem, gritadas ao vento: "se a roubalheira não parar, a gente para o Brasil", "estamos mudando o país" e demais generalidades. No fim, um grupinho que fazia um "esquenta" numa esquina conversava. Um deles fala: "e aí, será que a gente baixa pra 2,60 hoje?" "Nah, vamos quebrar tudo", diz outro.

O frio e a chuva apertavam e fui indo. Não vi confusão. E não vi como terminou. Fiquei com receio por eles, claro, e por outros, que não estavam envolvidos no protesto. Meu lado tiozão me mandava censurar esses jovens. Onde já se viu encherem a cara e saírem se metendo em perigo e ameaçando arruaça por aí? E ainda mais sabendo que o movimento estava sem foco, generalista, sendo cooptado por outras forças, pela mídia, por visões simplistas, preconceituosas e conservadoras demais para tais cabeças tão novas?

Mas não consegui ficar com raiva. Talvez porque no fundo algo me lembrava que já fiz coisa pior na minha época. Deixa estar. Faz parte.

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